Ninguém entendeu nada.
Com uma Basileia de 23,7% – o que significa uma capitalização boçal – e negociando a um múltiplo de apenas 1,3x book, o Inter ainda assim resolveu levantar mais capital.
O banco da família Menin acaba de lançar seu quarto follow-on, uma oferta inesperada para levantar US$ 160 milhões (R$ 800 milhões) na oferta-base e aparentemente desenhada apenas para aumentar a liquidez do papel na Nasdaq.
A oferta deve ser precificada amanhã. Uma pessoa a par do assunto disse que alguns investidores internacionais haviam manifestado interesse em entrar na base acionária, e a oferta é uma forma de atendê-los, dado que o papel tem pouca liquidez na Nasdaq. “É uma oferta tática,” disse essa fonte.
Ainda assim, o timing da oferta chama atenção. Para efeito de comparação, quando fez sua oferta anterior, que levantou R$ 5,5 bilhões em junho de 2021, o Inter negociava a 14 vezes o seu valor patrimonial antes da oferta – e 5,5x depois dela. (Ok, era um outro mercado.)
Mais: quando se redomiciliou para Cayman e passou a ser listado na Nasdaq, o banco fez o cashout dos acionistas que optaram por sair do papel a 1,5x book.
Dada a melhora de resultados esperada para o Inter ao longo deste ano, um acionista manifestou frustração com uma oferta agora. “Eles poderiam esperar e fazer isso mais adiante, capturando um múltiplo melhor.”
O anúncio da oferta vem depois da ação do Inter quase dobrar nos últimos 12 meses, com uma alta de 92% que fez a empresa valer US$ 2 bilhões no fechamento de hoje.
O banco disse que vai emitir até 32 milhões de novas ações Classe A na oferta-base e mais 4,8 milhões de ações num hot issue.
Ao anunciar a oferta, o banco publicou um guidance para o resultado do quarto tri ligeiramente acima do esperado. O Inter disse que vai lucrar R$ 150-155 milhões no quarto tri e fazer um ROE ajustado de 8-8,3%. No Itaú, o analista Pedro Leduc projetava um lucro de R$ 141 milhões e um ROE de 7,6%.
Os coordenadores são Goldman Sachs e BofA Securities.