O Inter reportou mais um trimestre de crescimento do ROE e de melhorias operacionais — com a margem financeira líquida atingindo níveis recordes.
Do lado negativo, o banco viu seu índice de eficiência piorar — por conta da incorporação do InterPag, que aumentou a relação despesas/receitas — e uma desaceleração da carteira de crédito.
No trimestre, o Inter reportou um lucro líquido de R$ 260 milhões, com um ROE de 11,9% — em linha com as projeções do sellside.
O ROE do Inter vem numa trajetória ascendente desde meados do ano passado: 6% no terceiro tri de 2023; 8,5% no quarto tri; 9,7% no primeiro tri deste ano; e 10,4% no segundo tri.
O CFO Santiago Stel disse ao Brazil Journal que o trimestre foi definido por “consistência” na execução.
“O bottom line continua evoluindo bem e o balanço continua sendo produtivo, com o NIM atingindo esses níveis recordes,” disse ele.
O NIM, a margem financeira líquida, bateu 9,6% no terceiro tri, excluindo a carteira de cartões que não acrua juros. No tri passado o indicador estava em 9,2%.
Santiago disse que o NIM melhorou por três fatores: a reprecificação da carteira, com a substituição de créditos antigos (originados a taxas mais baixas) por créditos novos; a mudança no mix da carteira, com crescimento de produtos como empréstimo FGTS, home equity, Pix financing e Buy Now, Pay Later; e o aumento do yield da carteira de investimentos do banco, com a adição de títulos com uma remuneração maior.
Segundo ele, esses três drivers ainda têm espaço para gerar uma melhora adicional nos próximos trimestres.
O NIM também foi ajudado por uma melhora na inadimplência, com o NPL 90 dias caindo 20 basis points no trimestre para 4,5%.
Apesar do Inter ter crescido em produtos como o Pix financing e o BNPL, que tem uma inadimplência maior, Santiago disse que isso foi mais do que compensado pelas novas safras do cartão de crédito, que estão com inadimplência menor que as safras antigas.
“O que mais importa pra gente é o olhar o ‘risk-adjusted NIM’, que é o NIM depois das despesas de funding e dos custos de inadimplência,” disse o CFO. “E esse indicador tem crescido.”
No terceiro tri, o ‘risk-adjusted NIM’ foi de 5,6%, um crescimento de 10 basis points.
Do lado negativo, o Inter viu uma desaceleração no crescimento de sua carteira de crédito e uma piora relevante no chamado índice de eficiência — que mede quanto de despesas o banco precisa ter para fazer determinada receita.
A carteira total do Inter cresceu 7% no trimestre, na comparação sequencial, para R$ 38,1 bilhões. Para efeito de comparação, no segundo tri o crescimento havia sido de 11%.
O maior crescimento no trimestre foi da carteira de Pix financing e BNPL, que ainda é pequena. Essa carteira cresceu 50% do segundo para o terceiro tri, para R$ 500 milhões.
O banco também teve crescimentos expressivos na carteira de empréstimos FGTS e home equity, que cresceram 13% cada na comparação sequencial.
A carteira de cartões cresceu 2%, a de crédito imobiliário 3% e a de consignado cresceu 2%, depois de ter caído praticamente na mesma proporção no tri anterior.
Já o índice de eficiência subiu de 47,9% para 50,9%. (Neste indicador, quanto menor, melhor).
Santiago disse que a piora teve a ver com a incorporação do InterPag no balanço, depois que o banco comprou 100% do capital da Granito, a empresa de adquirência em que o banco antes detinha 50%.
O InterPag estava operando no zero a zero — ou seja, com um índice de eficiência de 100% — e a entrada de seus números no balanço fez a relação despesas/receitas piorar.
“Mas temos trabalhado para que o efeito contrário aconteça, com o InterPag contribuindo para uma melhora do índice de eficiência,” disse o CFO. “Achamos que com o tempo podemos tirar boa parte das despesas do InterPag ao mesmo tempo em que aumentamos a receita.”
No trimestre, o Inter adicionou 1,1 milhão de novos clientes ativos (que geram alguma receita para o banco), chegando a 19,5 milhões. No total, o banco tem 34,9 milhões de usuários.
A receita líquida subiu 32% ano contra ano, para R$ 1,7 bilhão.
O Inter fechou a quarta-feira valendo US$ 2,7 bi na Nasdaq. O papel sobe 18,6% nos últimos 12 meses, e negocia a 1,7 vezes o book estimado para 2025.