O Inter entregou mais um trimestre de crescimento no bottom line, atingindo um lucro líquido de R$ 223 milhões com um ROE de 10,4%.
Foi a primeira vez desde o IPO em 2018 que o banco digital da família Menin reportou um ROE de duplo dígito.
O CFO Santiago Stel disse ao Brazil Journal que o resultado foi uma combinação de “bom crescimento com rentabilidade” e veio “em linha com o nosso business plan.”
“E ainda temos muito excesso de capital. Se ajustássemos essa rentabilidade por esse excesso de capital ela seria ainda maior, uns 10% a 20% superior,” disse o executivo.
Com o resultado do trimestre, o Inter chega a um lucro semestral de R$ 420 milhões este ano, o equivalente a 120% do lucro líquido do banco no ano passado inteiro.
Depois de bater o consenso Bloomberg em quase 20% no trimestre passado, o lucro do segundo tri veio basicamente em linha com a expectativa do sellside, que esperava um lucro de R$ 220 milhões.
No trimestre, o Inter também apresentou um crescimento relevante na carteira de crédito e uma queda na inadimplência na contramão do setor, que viu uma piora na qualidade dos ativos.
O Inter expandiu sua carteira de crédito em 11%, uma aceleração relevante em relação ao primeiro tri, quando a carteira havia expandido apenas 3%.
A alta foi puxada pelas carteiras de empresas e home equity, que cresceram 29% e 11%, respectivamente. As carteiras de FGTS e de cartões de crédito também expandiram de forma relevante, em 9% e 4%.
O maior crescimento, no entanto, foi das carteiras de Pix Crédito e Buy Now Pay Later, que mais do que dobraram em comparação ao primeiro trimestre, mas que ainda são muito pequenas. Somadas, essas duas carteiras passaram de R$ 175 milhões para R$ 330 milhões no período.
“A que está crescendo menos é a de consignado, mas começamos a acelerar esse produto recentemente com o consignado digital,” disse o CFO.
O NPL 90 dias – que mede os inadimplentes por mais de três meses – caiu 10 basis points no trimestre, para 4,7%. A queda veio em meio a uma piora desse indicador no mercado como um todo. Dados do Banco Central mostram que a inadimplência consolidada de crédito livre subiu 10 bps no período.
“As nossas safras novas de cartões estão tendo inadimplência melhores do que as safras de 2020 e 2021,” disse Stel. “Hoje, estamos originando 80% dos limites de crédito novos em clientes Inter. Antes, 80% vinha de clientes novos. Então a gente tá dando crédito para clientes que já conhecemos.”
Stel também disse que a empresa melhorou seu processo de underwriting, o que também tem ajudado.
O índice de eficiência do Inter – que havia caído 3,7 pontos percentuais no tri passado – voltou a subir nesse trimestre, em 0,2 p.p., para 47,9%. (Neste indicador, quanto menor o número, melhor).
Segundo Stel, a piora teve a ver com o aumento das despesas do Inter, que vinham se mantendo flat nos últimos trimestres, mas que agora subiram 5%.
“As despesas cresceram porque temos investido mais em três áreas chave: o branding, com campanhas de marketing mais fortes, e as pessoas e tecnologia, com a contratação de executivos chave e de 195 profissionais de tecnologia,” disse ele.
Para o segundo semestre, Stel disse que as expectativas são positivas, já que historicamente o terceiro e o quarto tri são os mais fortes para o setor do ponto de vista de demanda de crédito e de receitas de serviços.
A expectativa do CFO é que o ROE continue aumentando até o final do ano.
O Inter não passa guidance para o curto prazo, mas o consenso do mercado é de um lucro de R$ 900 milhões para este ano, o que daria um ROE de cerca de 14%.