O Inter teve mais um trimestre de recordes em várias linhas do balanço, entregando um lucro líquido de R$ 104 milhões – que superou as expectativas já aumentadas do sellside – e mostrando a capacidade do banco digital de entregar crescimento com rentabilidade. 

O lucro – equivalente a um retorno sobre o patrimônio líquido de 5,7% – foi o maior da história do Inter e veio acima do consenso dos 15 analistas que cobrem a empresa, que esperavam um lucro de R$ 90 milhões (ou um ROE de 5%). 

IMG 1711Essa projeção já havia sido aumentada em 50% depois do resultado do segundo tri, quando o banco entregou um lucro de R$ 64 milhões. 

O CFO Santiago Stel disse ao Brazil Journal que o lucro reportado hoje tira as dúvidas do mercado sobre a capacidade do Inter de rentabilizar seu modelo de ‘super app’, um questionamento recorrente dos investidores. 

O trimestre também trouxe uma reaceleração da concessão de crédito, com o Inter crescendo sua carteira total em 8% num momento em que o mercado ainda está cauteloso.

Em termos percentuais, os produtos que mais cresceram foram o crédito com garantia do FGTS (+23%), o cartão de crédito (+13%), e o home equity (+10%).

“Crescemos em dois produtos que têm muito ROE – o FGTS e o home equity – e em cartão de crédito, que é muito transacional e ajuda a ter a principalidade do cliente,” disse o CFO.

O cartão de crédito representa cerca de 30% da carteira total do Inter, seguido pelo crédito consignado, que responde por outros 18% e ficou estável no trimestre. 

O Inter decidiu ajustar o algoritmo e acelerar a concessão porque viu que a inadimplência – principalmente do cartão de crédito – estava melhorando nas novas safras, em comparação às safras de 2020 e 2021.

Esse aumento na concessão de crédito, no entanto, foi centrado na base atual de clientes, e não em novas captações. O Inter fechou o trimestre com 15,5 milhões de clientes ativos (aqueles que geraram alguma receita para o banco nos últimos 90 dias) e 29,4 milhões de clientes totais. 

O banco tem aumentado sua base de clientes ativos em 1 milhão por trimestre desde o início do ano – e com um CAC decrescente. O CAC do terceiro tri foi de R$ 26, em comparação aos R$ 27,10 do tri anterior e R$ 28,30 no mesmo tri do ano passado. 

Outro destaque foi a inadimplência, que se manteve estável pela primeira vez nos últimos quatro trimestres.

O NPL 90 dias, que mede a porcentagem dos clientes inadimplentes há mais de três meses, ficou em 4,7%, estável em relação ao tri anterior. Foi um respiro: o indicador vinha crescendo 30 bps por trimestre desde o terceiro tri do ano passado, quando estava em 3,8%.

O índice de eficiência – que mostra o quanto a empresa precisa gastar para fazer uma determinada receita – caiu para 52,4%, o melhor da história recente e comparado aos 53,4% do tri anterior. 

Essa melhora é reflexo tanto de uma redução relevante das despesas – com o Inter saindo de 4.100 funcionários em dezembro do ano passado para 3.300 no final deste trimestre – quanto de um aumento da receita média por cliente ativo, o ARPAC, que foi outro recorde do trimestre, atingindo R$ 48 por mês. 

Em julho, o banco redesenhou seu organograma, reduzindo de 15 para 8 os reportes diretos do CEO João Vitor Menin.  Santiago ficou com a parte financeira e de risco; Alexandre Riccio ficou com a parte comercial e operações. João Vitor manteve consigo as áreas de tecnologia, branding, RH, internacional e o Inter Shop.  

O Inter fez uma receita bruta de R$ 2,1 bilhões, uma alta de 40% na comparação anual, e teve um lucro antes dos impostos de R$ 145 milhões, em comparação a um prejuízo de R$ 70 milhões um ano antes. 

Em seu Investor Day, em janeiro, o Inter disse ao mercado que pretende chegar a 2027 com um ROE de 30%, 60 milhões de clientes, uma carteira de crédito de R$ 100 bilhões e um índice de eficiência de 30%.

Santiago disse que o banco está adiantado nesse plano. “Em eficiência, eu diria que estamos adiantados em um ano e meio mais ou menos,” disse ele. 

O Inter fechou a sexta-feira valendo R$ 9,7 bilhões na B3. Depois do resultado de hoje, o banco negocia a 14x o lucro de R$ 700 milhões estimado para o ano que vem e a 1,3x book, comparado a um múltiplo de 7x book e 18x lucro para o Nubank.