A Ingresse, plataforma de venda de ingressos online, acaba de levantar R$ 90 milhões numa rodada Série C liderada pelo Endurance, o family office dos herdeiros de Pedro Conde, banqueiro que fundou e depois vendeu o BCN para o Bradesco nos anos 90.
O fundo investiu no Spotify alguns meses antes do IPO e é também um dos investidores do Rappi e da Loggi.
A rodada — a maior no setor de tickets na América Latina — também incluiu a Rival, uma tiqueteira sediada na Califórnia e fundada pelo ex-CEO da Ticketmaster, e o Grupo Globo, que investiu cash (em vez de ‘media for equity’).
A eBricks, os sócios da RK Partners e o braço de venture debt da Galápagos Capital também participaram da rodada, assim como a Qualcomm Ventures e o Mercado Livre, que já são investidores da empresa.
Esta é a quarta captação da Ingresse desde que foi fundada em 2013.
De lá para cá, a startup cresceu com uma estratégia agressiva de aquisições, comprando três concorrentes só no ano passado: a Ingresso Certo, líder de mercado no Rio; a BlackTag, focada em eventos universitários; e a PixelTicket, que atua no nicho de shows de rock. O objetivo: consolidar o mercado de tiqueteiras, um dos mais pulverizados do Brasil.
Os recursos da rodada serão usados para novas aquisições, bem como o lançamento de produtos e de um FIDC para financiar os produtores de eventos e que está sendo estruturado pelos sócios da RK Partners.
No mercado de vendas online, onde compete com a Ingresso Rápido e a Sympla, da Movile, a Ingresse já tem um share relevante, dominando perto de 20% das transações, segundo o fundador Gabriel Benarrós. O grande desafio é convencer o brasileiro a comprar na internet: dos US$ 15 bi que o setor de ingressos movimenta no Brasil, apenas 10% são vendidos online.
“A Ingresse tem uma plataforma robusta e que traz um benefício grande nas duas pontas: para os produtores e o consumidor,” Gustavo Conde, do Endurance, disse ao Brazil Journal. “Além disso, a penetração das vendas online de ingressos no Brasil é muito aquém do resto do mundo. Há uma oportunidade gigantesca.”
Com a capitalização, a Ingresse vai investir numa solução que permite que o consumidor compre produtos e bebidas do evento dentro de seu aplicativo, além de lançar novos serviços como um seguro para a compra de ingressos.
“Hoje, a experiência do usuário não é integrada: o cara vai lá, compra o ingresso, e dentro do evento precisa pegar uma ficha ou uma comanda. Nossa ideia é que toda a experiência do consumidor possa ocorrer dentro do app,” diz Benarrós. “Para a produtora isso é positivo porque torna a gestão mais fácil: ela consegue fechar o caixa mais rápido, tem informações do consumo, e um controle maior.”
Com a entrada da Rival, a Ingresse também espera ganhos de sinergia entre as duas empresas, tanto no lado comercial — com negociações conjuntas de turnês e eventos de artistas pelo mundo — quanto do ponto de vista de tecnologia.
Segundo Benarrós, a Rival tem algumas soluções, como o reconhecimento facial, que poderiam ser incorporadas na operação da Ingresse, encurtando o tempo de desenvolvimento da plataforma.
ARQUIVO BJ: