A inflação americana finalmente perdeu força, e cresce no mercado a convicção de que o Federal Reserve não vai precisar apertar ainda mais os juros.  

Mas em Miami o cenário é outro. Os reajustes de preços continuam fervendo – e, segundo a Bloomberg, a explicação para isso é a chegada maciça à Flórida de novos moradores, pressionando os custos com moradia. 

A inflação anual da região metropolitana de Miami ficou em 7,4% em outubro, mais do que o dobro da média nacional. Em Tampa, a alta nos preços também se mantém intensa, com uma variação de 6,7%. 

Desde o ano passado a Flórida aparece no topo dos índices de inflação e, ao contrário de outras regiões, ainda não viu uma desaceleração significativa dos reajustes.

Segundo a Bloomberg, Phoenix e Atlanta também eram até o ano passado dois hot spots inflacionários. Mas nessas cidades o ritmo de ajustes já recuou para 3%. 

“As pessoas querem morar aqui, e isso parece ser algo promissor para o futuro da Flórida,” William Luther, professor de economia da Florida Atlantic University disse à Bloomberg. “Mas o trade-off, claro, é que os ajustes demoram a acontecer, então temos o aumento de preços em itens como os de custos com habitação.” 

O clima ensolarado e os impostos menores estão atraindo para a Flórida não apenas os imigrantes latinos, mas também bilionários como Jeff Bezos e Ken Griffin. Empresas de investimentos estão ampliando suas operações no estado – como foi o caso da Goldman Sachs, da Blackstone e da Citadel, de Griffin. 

Griffin, que deixou Chicago para se instalar com a família em uma mansão de US$ 107 milhões na Coconut Grove, afirmou que Miami poderá um dia desbancar Nova York como o maior centro financeiro do país. 

“Miami representa o futuro da América,” afirmou o investidor, segundo o NY Post, durante a sua apresentação em uma conferência da Citadel, ocorrida em Miami, na última semana. 

“Estamos na Brickell Bay,” disse Griffin sobre o novo endereço da Citadel, com seus mais de US$ 60 bi sob gestão. “Talvez em 50 anos vamos falar da Brickell Bay North como hoje falamos de Nova York para as finanças.” 

Outro bilionário das finanças que adotou o ‘Sunshine State’ foi Paul Singer, da Elliott Management. Em 2020, no auge da pandemia, Singer decidiu deixar para trás o seu escritório com vista para o Central Park, em Manhattan, e transferiu a sede de seu fundo – com mais de US$ 40 bi em ativos – para West Palm Beach. 

A Flórida não se tornou um ímã apenas para os bilionários e celebridades como Lionel Messi, Tom Brady, Pharrell Williams, Shakira e LeBron James. Segundo a Bloomberg, o estado só perdeu para o Texas em aumento populacional no último ano. Em termos de avanço percentual, ficou em primeiro lugar. 

Esse influxo de novos moradores bateu nos valores dos aluguéis, que subiram na Flórida 12,9% em relação ao ano passado, contra uma média nacional de 7,2%. O preço da eletricidade subiu 11,5%. 

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