A Hurst Capital, uma plataforma de ativos alternativos, acaba de levantar R$ 200 milhões para um novo fundo que vai investir em direitos autorais de músicas – um mercado bilionário mas ainda incipiente no mercado de capitais brasileiro.

A captação foi feita com um grupo de investidores institucionais – incluindo o BTG, segundo investidores – e ‘high net worth individuals’.

12005 0ad643a8 d830 a0f3 7861 6bad3cc93da8O FIP foi estruturado como um veículo que vai investir em debêntures emitidas pela Hurst Music, uma das verticais de negócios da Hurst que será a detentora dos ativos musicais. Com o valor captado com a venda das debêntures, a empresa vai comprar os catálogos de música, que vão ser o lastro e a garantia das debêntures.

A Hurst Music já alocou parte do capital, comprando os catálogos de artistas como Toquinho e Paulo Ricardo, mas também de compositores e intérpretes menos conhecidos.

Ela é dona, por exemplo, dos direitos musicais de Ramon Cruz, um compositor que fez músicas para Ivete Sangalo, Claudia Leite e a Banda Eva; Júnior Calipha, que compôs para Marília Mendonça, Denis Dj e Zezé de Camargo e Luciano; e Dito Carvalho, que teve suas obras interpretadas por Dudu Nobre (a abertura da Grande Família) e Xuxa (a música Ilariê).

Há ainda no portfólio Luiz Avellar, que compôs a abertura do Globo Esporte e do Jornal Nacional e todas as músicas dos filmes Tainá 1, 2 e 3.

Até agora, a Hurst operava apenas com uma plataforma que oferecia essas oportunidades para investidores de varejo.

A decisão de levantar o fundo tem a ver com o aumento do pipeline de oportunidades no mercado de royalties de música, Arthur Farache, o CEO e cofundador da empresa, disse ao Brazil Journal. 

“Nosso pipeline de originação cresceu muito além do esperado. Não esperávamos ter tanta demanda e vimos que a plataforma não ia dar conta de fazer frente a todas as oportunidades,” disse ele. “Por isso, resolvemos trazer sócios com bolso fundo.”

O fundo cobra uma taxa padrão de 2/20 e não tem prazo.

“Mas tem eventos que levam à recompra das debêntures,” disse Arthur. “Depois de dar uma remuneração determinada para o capital, recompramos as debêntures e o fundo é encerrado.”

Arthur diz que o pipeline de oportunidades da Hurst Music excede o capital levantado.

“Temos mais de 120 negociações abertas e algumas de negócios bem grandes, na casa de R$ 80-100 milhões,” disse ele. “Mas esse é o momento de não fazer besteira. Estamos no mercado de forma serena, não estamos desesperados para fazer negócio.”

Nas negociações, uma das tarefas mais difíceis é precificar os ativos – já que muitos fatores complexos de modelar precisam entrar na equação.

“Nossos modelos começaram bem simples, fazendo o fluxo de caixa descontado mesmo,” disse ele. “Mas aos poucos fomos aprendendo mais sobre esse mercado e sofisticando a análise.”

Hoje, os modelos incluem variáveis como os números relacionados ao gênero musical; o número de likes que os artistas têm nas redes sociais; a idade do catálogo; o perfil do público do artista; e as mídias onde o catálogo é consumido.

A Hurst é uma das poucas empresas atuando nesse mercado. Além dela, há a Adaggio, que é tocada por João Luccas Caracas (a.k.a DJ Beowulf) e que levantou cerca de R$ 60 milhões no ano passado.