O Hudson Yards – o maior empreendimento imobiliário já construído em Nova York desde o Rockefeller Center nos anos 30 – será inaugurado nesta sexta-feira depois de mais de uma década em construção.

O empreendimento de uso misto consumiu US$ 25 bilhões dos incorporadores – a Related Companies e a Oxford Properties – e abriga torres residenciais e de escritórios, centro cultural, hotel, shopping center com restaurantes estrelados e áreas verdes.

Os apartamentos residenciais são para os ultra ricos, mas o playground é democrático.

Na praça central, “Vessel”, uma arca gigantesca com 154 lances de escadas e 2.500 degraus, assinada pelo designer britânico Thomas Heatherwick, é a grande atração. (Até os franceses a estão chamando de ‘torre Eiffel de NY’.)

Vessel está para o Hudson Yards como a árvore de Natal e a pista de patinação estão para o Rockfeller Center – só que aberta 12 meses por ano, e com vista para o rio.

O Hudson Yards ocupa 11 hectares entre as ruas 30 e 34 e as avenidas 10 e 12 em Midtown, no final do percurso do Highline – o parque elevado que recebe 8 milhões de turistas por ano.

Metade do terreno do Hudson Yards é área pública. A outra metade, ultra exclusiva.

No 15 Hudson Yards, um prédio de 88 andares, os apartamentos custam de US$ 4 milhões a U$ 32 milhões. (Também dá para alugar um estúdio por US$ 5.200 por mês.) As amenidades para os condôminos incluem piscina, estúdio de yoga e salas de meditação, simulador de golfe e adega climatizada.

Anexo ao prédio residencial fica The Shed, um centro cultural financiado por doações. O centro já captou US$ 488 milhões. Michael Bloomberg, quando era prefeito, doou US$ 75 milhões.

A construção é assinada pelo escritório Diller Scofidio+Renfro e é um espetáculo em si, com uma cobertura que se move para permitir apresentações ao ar livre.

A torre principal – 30 Hudson Yards – é o terceiro prédio mais alto de NY, com 101 andares e um observatório na forma de um deck suspenso no ar – e talvez a melhor vista da cidade. Só para os fortes.

O prédio abriga os 35 andares da nova sede da Warner, que negocia com a cidade um ‘tax break’ de US$ 14 milhões pelos empregos gerados. Ah, se a moda pega..

O empreendimento inclui ainda um shopping de sete andares com mais de 100 lojas e talvez uma das mais sofisticadas praças de alimentação do mundo: são mais de 20 bares e restaurantes pilotados por chefs como Thomas Keller, David Chang and Michael Lomonaco. O chef José Andrés está à frente do Mercado Little Spain, um misto de empório e restaurante – e uma cópia espanhola do Eataly.

Grifes como Dior, Chanel e a loja de departamentos Neiman Marcus ocupam os andares superiores, enquanto o térreo está mais mais para a 5ª Avenida, com H&M, Zara e Sephora.

O empreendimento nasce com uma dose de polêmica. O NY Times fez as contas dos incentivos governamentais e concluiu que os US$ 3 bilhões em tax breaks que a Amazon estava exigindo para instalar sua sede na cidade eram fichinha.

O empreendimento foi viabilizado com a ajuda da prefeitura, que desembolsou US$ 2,4 bilhões para levar o metrô até a região e mais US$ 1,2 bilhão para a construção de parques, além de incentivos fiscais para atrair sedes corporativas. Em entrevista à Bloomberg, o CEO da Related Jeff Blau admitiu que o empreendimento não teria saído do papel sem o metrô, as áreas verdes e os incentivos fiscais, mas disse que metrô e área verde não podem ser tratados como subsídios: “é papel dos governos promover o desenvolvimento econômico local.”

A Related também teve que fazer concessões ao projeto original, como abrigar uma escola pública e reservar 10% das 4 mil unidades residenciais para um programa de “moradia popular” da cidade.

No exclusivo 15 Hudson Yards, 107 apartamentos terão aluguéis que variam de US$ 858 (estúdio) a US$ 1.350 (dois quartos). Esses inquilinos irão usufruir de áreas comuns – como brinquedoteca e lavanderia coletiva – separadas daquelas dos moradores do “andar de cima”.

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Principais torres do Hudson Yards

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The Vessel, na praça central

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Centro cultural The Shed visto do Highline