A Adventures — a empresa de marketing digital e gestão de marcas — levantou R$ 50 milhões no ano passado para tirar do papel sua estratégia de marcas DNVBs em parceria com celebridades, alavancando suas competências em ‘conteúdo e comércio’ para monetizar o tráfego de legiões de seguidores.
A rodada Série A avaliou a empresa em R$ 450 milhões (post money), com a maior parte do cheque vindo da Provence Capital, a gestora que tem entre seus cotistas Luis Stuhlberger e Léo Figueiredo.
Também participaram da rodada o Mercado Livre e dois ex-executivos do Twitter, Matthew Derella e Adam Bain. Os investidores atuais — Atmos, Navi e Arbor Capital — acompanharam e não foram diluídos.
Após a rodada, os novos investidores terão 10% da empresa; Atmos, Navi e Arbor têm outros 15%; e o restante está nas mãos dos fundadores — Rapha Avellar, Ricardo Dias e Gerard Roure — e de outros executivos da empresa.
Dono de cerca de um terço do ecommerce do Brasil, o Mercado Livre tem uma visão privilegiada do fenômeno das DNVBS e estava procurando uma forma de participar, disse Renato Pereira, o diretor de novos negócios do MELI. Agora como acionista da Adventures, o MELI vai fortalecer o ecommerce da empresa e usar seu tráfego para promover as novas marcas proprietárias.
A estratégia de construir marcas DNVBs teve seu primeiro teste no ano passado com a Bai Burger, uma hamburgueria criada em parceria com Gustavo Gomes, o “Baiano”, um dos principais influenciadores de games do Brasil.
Em dezembro, a empresa lançou uma marca de produtos de beleza para adolescentes. A Auê Sienna empresta seu nome de uma influenciadora mirim com mais de 2 milhões de seguidores no Instagram e que é a sócia da Adventures na marca.
O plano da Adventures é lançar outras seis ou sete marcas em 2022.
A estratégia de holding de DNVBs da Adventures compete com a de startups como a Merama, mas o approach é diferente. Enquanto a Merama compra as marcas, a Adventures as constrói do zero, e sempre junto com quem tem audiência.
“Quando você se associa a uma celebridade você acelera muito a construção e o reconhecimento de marca,” Avellar disse ao Brazil Journal. “Como estamos vendendo para fãs, temos maiores taxas de recompra e retenção. Isso aumenta o lifetime value dos clientes e exige gastos menores com marketing, reduzindo o custo de aquisição.”
Além disso, a empresa tem a vantagem de não ter que pagar os múltiplos de um M&A.
Segundo Avellar, as transações com celebridades são feitas de duas formas: um modelo de equity em que as celebridades ficam com entre 20% e 40% do novo negócio, ou um revenue share.
Um dos grandes ativos que diferencia a Adventures nessa estratégia é a Go4it, a agência de gestão de talentos adquirida há um ano. Como a Go4it tem acesso direto ou indireto a dezenas de celebridades com milhões de seguidores, isso abre um canal relevante de negociação para a empresa.
A rodada vem num momento em que a Adventures tem buscado escala em outras verticais, principalmente a de marketing digital e publicidade para grandes empresas.
Em dezembro, o run rate de receita da companhia chegou a R$ 90 milhões, e o de EBITDA, a R$ 10 milhões. Toda essa receita veio da vertical de serviços, na qual a Adventures atende marcas como Stone e Tinder.
A expectativa da empresa é chegar ao final deste ano com um run rate de receita de R$ 172 milhões, com uma parcela relevante vindo das marcas DNBVs.