As ações do Hermes Pardini subiram mais de 10% nos últimos dois dias, com um volume negociado três vezes acima da média diária. Hoje, o papel fechou em alta de 5,2%.
O management da empresa tem feito reuniões com investidores e três bancos já atualizaram suas visões da ação desde terça-feira, subindo o preço-alvo e alterando a recomendação para compra.
A narrativa por trás da mudança é a de que o ambiente competitivo (leia-se a Diagnósticos do Brasil) teria se estabilizado nos últimos meses. Com a DB perdendo fôlego, o Pardini voltou a ganhar market share, o que já se refletiu nos resultados do terceiro trimestre.
Apenas alguns meses depois de seu IPO, em fevereiro do ano passado, o Pardini começou a sofrer com um forte crescimento da concorrente, que atua no principal segmento do Pardini — o chamado ‘lab-to-lab’ — e vinha ganhando mercado num ritmo impressionante.
De março até setembro, a ação do Pardini despencou de R$ 33 para R$ 14, atingindo a sua mínima histórica. De lá para cá, o papel recuperou uma parte das perdas, mas negocia hoje na faixa dos R$ 19 — o mesmo preço em que saiu no IPO.
“O pior já ficou para trás. Achamos que o ganho de market share do Pardini deve acelerar nos próximos trimestres, já que as aquisições recentes trazem liderança em toxicologia e uma maior penetração em testes genéticos”, escreveram os analistas do Morgan Stanley em relatório divulgado hoje. “Mas ainda esperamos preços ‘flat’ no futuro, uma vez que a Dasa resolveu seus problemas operacionais e a DB abrirá em breve seu terceiro laboratório”.
O banco manteve sua recomendação de ‘overweight’, com um preço-alvo de R$ 21,6 — um potencial de alta de 12,3%.
Já o Merrill Lynch mudou sua recomendação para compra e subiu seu preço-alvo de R$ 21 para R$ 23. A previsão do banco é que o Pardini tenha um lucro líquido de R$ 171 milhões em 2019, o que representaria um múltiplo P/L de 13x, bem abaixo do Fleury, que negocia a 17x. “Vemos um crescimento do lucro por ação de 30% para o ano que vem”, disseram os analistas Roberto Otero e Pedro Mariani no relatório.
O Itaú também enxerga a ação descontada em relação a seus pares. O banco disse que vê o papel negociando com um P/L de 14,5x em 2019, um desconto de 16% em relação ao Fleury e de 29% em comparação com a Alliar.
Mesmo com a melhora, a situação do Pardini ainda é pior do que na época de seu IPO.
Segundo o Morgan Stanley, a participação de mercado do laboratório é hoje de 20%, frente ao share de 23% que a mineira tinha quando fez sua oferta pública inicial. Já a DB passou de um market share de 10% em fevereiro para cerca de 16%.
O Pardini processa 8,5 milhões de exames por mês (7 milhões para terceiros); a DB, cerca de 6 milhões.
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