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A Heineken está na reta final de uma negociação para a compra de toda a operação da Brasil Kirin, a antiga Schincariol.

Ao contrário do que já foi noticiado, a negociação em curso não inclui apenas as fábricas da empresa, ainda que a capacidade fabril seja um componente importante da transação.

Se concretizado, o negócio transformará a Heineken, hoje dona de 9,4% do mercado de cerveja, na segunda maior cervejaria do Brasil, depois da Ambev. A Brasil Kirin tem 8,3% de share, e o Grupo Petrópolis, hoje o segundo maior, tem 13,2%.
A Brasil Kirin, dona das marcas Schincariol e Devassa e cujas fábricas têm grande capacidade ociosa, facilitaria o crescimento da Heineken, que tem ganhado share rapidamente no mercado de cervejas premium com as marcas Heineken, Amstel e Desperados.

 
O uso da capacidade ociosa da Brasil Kirin permitiria à Heineken dobrar a aposta neste mercado, no qual suas marcas disputam espaço com a Stella Artois e a Corona, ambas da Anheuser-Busch InBev, a controladora da Ambev.

No entanto, é improvável que a compra leve a uma guerra de preços como aquela que a própria Schincariol travou com a Ambev em 2003-2004.

Pelo menos inicialmente, o foco da Heineken é desenvolver o segmento premium, e não trabalhar agressivamente as cervejas pielsen, onde ocorrem 85% do consumo de cervejas no país.

 
A Heineken entrou no Brasil em 2010, quando os holandeses pagaram US$ 7,6 bilhões pela Femsa, dona das marcas Kaiser, Bavaria, Xingu e Sol.
À época, o Brasil era apenas o 17º país (em volume) no ranking global da Heineken; hoje, já é o quinto mercado da empresa.

A Heineken tem investido pesado em crescimento orgânico, para flexibilizar e ampliar sua produção.

A empresa acaba de reinaugurar sua fábrica em Ponta Grossa (PR), um investimento de R$ 400 milhões. 

Em recente entrevista ao Estadão, o presidente da Heineken Brasil, Didier Debrosse, disse que o investimento permitirá que a companhia produza 40 diferentes produtos na nova linha, ampliando a oferta de Heineken e reforçando sua estratégia multimarcas.

A Heineken também está investindo R$650 milhões numa nova planta em Goiás, e já gastou R$ 150 milhões para ampliar sua planta em Jacareí, em São Paulo.

As novas fábricas também absorverão a produção das unidades de Manaus (AM) e Feira de Santana (BA), fechadas recentemente.