A Guararapes, dona das lojas Riachuelo, reportou o maior lucro de sua história para um segundo trimestre — superando com (bastante) folga as projeções do sellside.

O lucro líquido veio em R$ 143 milhões, comparado a um consenso de R$ 100 milhões. O resultado foi 2,5x maior que o do segundo tri do ano passado. 

O EBITDA também veio bem acima das projeções — R$ 443 milhões, contra R$ 390 milhões do consenso — assim como a margem bruta, que veio em 60,8% enquanto os analistas esperavam 59,9%. 

É o oitavo trimestre consecutivo em que a Guararapes reporta crescimento no ‘same store sales’ e o sétimo consecutivo de expansão das margens. 

O CEO André Farber disse ao Brazil Journal que o resultado foi uma combinação de uma performance potente do segmento de vestuário, que cresceu 15,8% no trimestre, uma expansão na margem bruta do segmento, que foi recorde, e um bom resultado na vertical de serviços financeiros.

“Passamos 2024 com uma estratégia muito forte de expansão de volume em moda. Mas em 2025 vimos espaço para mesclar volume e preço. Temos trazido muitos lançamentos, como linhas de camisetas tecnológicas, com tecidos melhores, e isso tem gerado um crescimento do tíquete médio,” disse o CEO. 

Segundo ele, o crescimento da receita do trimestre veio, a grosso modo, metade do volume e metade da expansão de preço. 

“Na região Sudeste as vendas cresceram acima de 17% porque o consumidor está mais pronto para receber essas inovações. Mas temos visto que as outras regiões acabam indo na sequência também,” disse ele. 

Esses novos produtos também ajudaram na expansão da margem bruta. Outro fator que contribuiu na rentabilidade foi a integração das fábricas com os times de moda, o que permite à companhia ser mais reativa, além de uma maior eficiência no dia a dia e na precificação. 

Outro destaque do tri foi a Midway, afinanceira do grupo, que fez um EBITDA de R$ 111 milhões, um aumento de 24% ano contra ano. 

O CFO Miguel Cafruni disse que a financeira teve uma inadimplência estável no trimestre, beneficiada pela qualidade dos ativos das novas safras, que tem reportado números positivos. O NPL 15 a 90 dias de cartões caiu de 7,6% no 1 tri para 6,9%; e o de empréstimos pessoais foi de 12,1% para 11,1% no mesmo período.

O índice de cobertura fechou o trimestre em 120%, com a companhia aumentando suas provisões para perdas. “Historicamente rodamos com um colchão de R$ 70 milhões a R$ 80 milhões. Mas desde o final do ano passado, temos aumentado isso e estamos rodando agora com R$ 200 milhões. Fizemos isso porque queremos evitar os ciclos de pico e vale, e ter mais constância na financeira,” disse o CFO. 

A Guararapes também entregou uma redução de sua alavancagem no trimestre, que caiu de 0,7x EBITDA para 0,5x. 

A companhia havia dito no início do ano que esperava terminar 2025 com uma posição de caixa líquido, mas agora o CFO disse que “se fizermos investimentos mais fortes, a alavancagem pode terminar numa faixa de 0 a 0,5x.”

A ação da Guararapes sobe 42% desde o início do ano e 12% nos últimos doze meses. A companhia vale R$ 4 bilhões na Bolsa e negocia a cerca de 10x seu lucro estimado para este ano.