O Grupo Boticário acaba de levantar R$ 1,15 bilhão com a emissão de um sustainability-linked bond, que vai financiar a construção da nova fábrica da gigante dos cosméticos, que foi anunciada mês passado, além de outros projetos de expansão.
A emissão saiu a CDI + 1,10% e foi 100% encarteirada pelo Bradesco, que também coordenou a emissão.
O banco poderá vender os títulos para clientes no futuro ou mantê-los em seu balanço.
A nova fábrica — que será construída em Minas Gerais — deve ficar pronta em 2027 e aumentar a capacidade produtiva da companhia em mais de 50%, o CFO Marcelo Azevedo disse ao Brazil Journal.
O capex previsto é de R$ 1,8 bilhão – parte de um capex de expansão do Boticário de R$ 4,14 bilhões nos próximos quatro anos.
“Essa emissão já cobre uma parte importante dos investimentos, mas certamente vamos ter que fazer novas captações mais pra frente,” disse o CFO. “E o instrumento que consideramos mais adequado para isso são as debêntures de longo prazo, com indicadores de sustentabilidade.”
Os outros projetos do Boticário incluem a expansão da capacidade das duas fábricas que ele já tem, em Camaçari e São José dos Pinhais, e o novo Centro de Distribuição que a empresa acaba de inaugurar em Cajamar.
A emissão do Boticário está vinculada a duas metas ESG — a primeira delas, de impacto social, a primeira vez que se usa esse tipo de meta em emissões de substainability-linked bonds no Brasil.
O Grupo Boticário se comprometeu a capacitar 1 milhão de pessoas até 2030 em seu curso profissionalizante ‘Empreendedoras da Beleza’, que capacita mulheres em situação de vulnerabilidade para trabalharem no setor de beleza e com empreendedorismo.
Criado em 2021, o programa até agora criou 158 mil oportunidades para mulheres.
A segunda meta é relacionada à sustentabilidade, com o Boticário se comprometendo a atingir a marca de 75% de todas as suas lojas próprias sendo abastecidas com energia renovável no mesmo prazo.
Hoje, apenas 10% dessas operações são abastecidas com energia renovável, o equivalente a 30 lojas.
Como acontece nesse tipo de emissão, haverá duas checagens ao longo do prazo da dívida e, caso a companhia não cumpra os objetivos estabelecidos, haverá uma punição de taxa, que pode chegar a 0,25% ao ano em cada checagem — potencialmente elevando o custo da dívida para CDI + 1,50%.
Essa é a terceira emissão de sustainability-linked bond do Grupo Boticário, que foi a primeira empresa brasileira a levantar recursos com esse tipo de título, ainda em 2020.
Na primeira emissão, o Boticário levantou R$ 1 bilhão, se comprometendo com metas relacionadas ao uso de energias renováveis em suas duas fábricas. Na segunda emissão, em 2023, o Boticário levantou outros R$ 2 bilhões, se comprometendo com metas relacionadas a produtos veganos e recursos hídricos.
O CFO disse que com a emissão de hoje a companhia agora tem metade de todas as suas emissões listadas no mercado vinculadas a indicadores de sustentabilidade.