A Gás Natural Açu (GNA) levantou R$ 1,8 bilhão em debêntures de infraestrutura, uma operação que marcou a estreia do BNDES na estruturação de ofertas públicas de dívida — em vez das transações em que o banco tradicionalmente encarteira a emissão. 

Em maio, o banco teve aval da CVM para atuar também na distribuição de valores mobiliários.

A operação teve demanda duas vezes superior à oferta e uma redução de 40 basis points em relação à taxa-teto. Os papéis serão remunerados a IPCA + 5,92% ao ano e têm prazo de 18 anos.  

Como âncora, o BNDES pretendia ficar com 40% da operação, mas acabou ficando com 30% por conta da demanda do mercado. O BNDES participou desde a composição de garantias até a definição de tamanho, prazo e taxas. 

Bianca Nasser, diretora de finanças do BNDES, disse ao Brazil Journal que, ao participar das operações nesse novo papel,  o banco quer atrair o capital privado como parceiro para seus investimentos de longo prazo a partir dos critérios de sua análise. Até o fim do ano, o banco deverá estar em mais duas distribuições. 

Essa é a primeira emissão de dívida de uma termelétrica a gás, após a aprovação do novo marco regulatório do setor, que deve estimular novas operações. 

A GNA é uma joint venture formada pela Prumo Logística, BP, Siemens e SPIC Brasil. A usina térmica a gás está no Porto do Açu, o projeto de Eike Batista em São João da Barra, no Estado do Rio. O projeto compreende a implantação de duas térmicas que, em conjunto, alcançarão 3 GW de capacidade instalada, que irão gerar energia suficiente para atender quase 14 milhões de residências. O investimento total nos dois projetos é de cerca de R$ 10 bilhões.

Os coordenadores da oferta foram BTG Pactual (líder), BNP Paribas, Bradesco e ABC Brasil.