O BTG Pactual iniciou a cobertura da Globant — a gigante argentina de consultoria de tecnologia fundada por Martin Migoya — com uma recomendação de ‘compra’ e um preço-alvo de US$ 230, um upside potencial de cerca de 30% em relação ao preço de tela. 

Martin Migoya

O analista Osni Carfi acredita que o setor de consultoria de TI deve entrar num novo ciclo de crescimento com a inteligência artificial — depois de passar por uma forte ressaca nos últimos anos.

“Um período de sobre investimentos em 2020-2021, seguido por uma deterioração na macroeconomia global, levou o setor a sua pior ressaca,” escreveu o analista. “Não vemos nenhum problema estrutural e achamos que é só uma questão de tempo antes do crescimento voltar. Afinal, as empresas precisam manter suas tecnologias atualizadas.”

Osni disse ainda que uma das belezas da indústria de tecnologia é que quando parece que os clientes vão desacelerar os investimentos, algo novo aparece. 

“A inteligência artificial generativa deve impulsionar um novo ciclo, viabilizando novas tecnologias e aumentando os gastos gerais das empresas com TI,” diz o relatório. “A história não se repete, mas rima, e o que aconteceu com o setor nos ciclos de cloud e mobile sugere que dias animadores estão por vir.”

Osni notou que a Globant foi o único player do setor que conseguiu sustentar um crescimento de duplo dígito no período de ressaca dos últimos anos, “mostrando sua qualidade e execução superiores.”

Desde seu IPO na Bolsa de Nova York, em 2014, a ação da Globant deu um retorno anualizado de 33,5% (em dólar) — a melhor performance no período dentre as empresas latinoamericana na cobertura do BTG. 

A alta da ação foi um reflexo do forte crescimento da Globant, que viu sua receita crescer numa média de 25% ao ano. O top line saiu de US$ 57 milhões em 2010, foi para US$ 200 mi em 2014, US$ 522 mi em 2018 e para US$ 2,1 bilhões no ano passado. 

No período de 2018 até 2023, o CAGR foi de 32%. 

“Além da execução impecável, um dos fatores que impulsionou um crescimento tão forte é o seu vasto mercado endereçável, avaliado em US$ 2,5 trilhões em 2024 e que deve crescer num ritmo de 16% ao ano até 2027,” escreveu Osni. 

Nas contas do BTG, a Globant negocia a 23x seu lucro estimado para o ano que vem, um pequeno desconto em relação aos provedores tradicionais de serviços de TI (que negociam a uma média de 24x) e um prêmio “merecido” em relação aos digital specialists (17x).

O banco disse ainda que o múltiplo P/L da Globant para os próximos 12 meses — 25x — é muito menor que a média histórica da companhia, de 36x, e próximo ao nível atingido nos dias iniciais da covid. 

“Acreditamos que o sell-off do ano deu aos investidores uma oportunidade única de comprar um ativo extraordinário a um valuation decente.”

A ação da Globant cai 23% desde o início do ano, negociando a US$ 177. A empresa vale US$ 7,6 bilhões na Bolsa.