A Gabriel — a startup de câmeras de segurança integradas a um software de inteligência artificial — acaba de levantar uma extensão de sua rodada Série A, colocando mais R$ 35 milhões no caixa para acelerar sua expansão em São Paulo.
A rodada foi coliderada pela Astella Investimentos e Qualcomm Ventures e teve a participação da Globo Ventures, que já era investidora da startup.
A extensão vem dois anos depois da Gabriel ter levantado sua Série A de R$ 66 milhões, liderada pelo Softbank.
O fundador Otávio Miranda disse ao Brazil Journal que a startup está chamando essa rodada de extensão porque vai usar os recursos captados para dar continuidade à mesma tese da rodada anterior.
“Ainda estamos respondendo parte das perguntas da Série A, que é se o modelo de negócios é replicável e se temos o efeito de escala, da margem ir melhorando com o crescimento,” disse ele. “Temos um componente de hardware muito pesado, mas achamos que nos comportamos mais como uma empresa de software. A Astella e a Qualcomm estão pagando para ver isso.”
A Gabriel começou sua operação em 2020 no Rio de Janeiro, inicialmente nos bairros do Leblon e Ipanema, e depois entrando em Copacabana e em alguns bairros da Zona Norte.
A estratégia da empresa é ir adensando os bairros um a um para garantir o efeito de rede de ter diversas câmeras na mesma região. Ela também se conecta à autoridade policial, ajudando as delegacias regionais com as imagens de assaltos e crimes.
Desde que foi fundada, a Gabriel já colaborou em 3.200 casos, ajudou na prisão de 250 criminosos e – tão importante quanto – no inocentamento de sete pessoas.
A Gabriel entrou em São Paulo no final de 2021, começando por Pinheiros. Hoje, já atende 600 condomínios, principalmente em Pinheiros, Itaim e Moema.
Otávio disse que o plano com a nova captação é adensar São Paulo na mesma proporção do Rio. Para isso, a startup quer chegar a uma penetração de 10% de todos os condomínios residenciais de São Paulo até o final do ano que vem – o que daria cerca de 2.000 condomínios.
Ao mesmo tempo, continuará adensando os bairros da Zona Norte do Rio, onde entrou recentemente.
“O valor da rede é gerar um monopólio natural nos bairros onde atuamos. Porque se temos uma densidade tão grande na região, como já temos em bairros como o Leblon, não faz sentido outro player tentar entrar,” disse Erick Coser, o outro fundador e CEO.
A startup não abre o faturamento, mas diz que tem cerca de 7.000 câmeras, espalhadas em 1.700 condomínios. Há dois modelos de câmera: a camaleão tradicional, que é alugada por R$ 399 por mês em contratos de quatro anos, e a camaleão max, que tem uma estrutura mais robusta e é alugada por R$ 699/mês, também em contratos de quatro anos.
Numa conta de padeiro, isso daria uma receita anual de cerca de R$ 45 milhões. Mas o número deve ser menor, já que a Gabriel fez dois aumentos de preços no último ano e a maioria das câmeras instaladas roda com preços menores, entre R$ 199 e R$ 299.
Segundo Otávio, depois de adensar a cidade de São Paulo, um projeto que deve ser concluído ao longo do ano que vem, o plano da startup é entrar numa terceira cidade ainda não definida. Para isso, a startup provavelmente teria que fazer uma nova rodada, já que o capex para a fabricação das câmeras é alto.
O cofundador diz que apesar do capex ser alto, ter o hardware traz algumas vantagens. “Travamos o cliente, porque temos multas de cancelamento, e isso cria uma barreira de entrada muito relevante,” disse ele. “Mas nosso desafio é mostrar que o capex é só para viabilizar o software, e que o hardware é cada vez menos relevante no nosso modelo de negócios.”