Nos últimos anos, uma profusão de plataformas de equity crowdfunding brotaram no mercado — permitindo que investidores de varejo apostem em startups ou outros produtos alternativos.
Bernardo Barroso, no entanto, acha que ainda faltava uma.
O ex-analista de ações da Absoluto Partners acaba de fundar a Future Labs, um crowdfunding focado apenas no nicho de games.
A startup quer ajudar desenvolvedoras de jogos a levantar recursos para lançar novos produtos, uma das principais dores dessas empresas hoje.
“Existem várias plataformas de crowdfunding, mas não tem nenhuma exclusiva para o mercado de games,” Barroso disse ao Brazil Journal.
Segundo ele, o objetivo da startup é criar um senso de comunidade e de ecossistema em torno da Future Labs, permitindo que os investidores interajam com os estúdios, e os estúdios troquem figurinhas entre eles.
“Queremos que a empresa valha mais só por entrar no nosso ecossistema. E isso vai acontecer porque vamos ter investidas que vão poder ajudar umas as outras.”
Um benchmark da Future Labs neste sentido é o Y Combinator, a aceleradora de startups do Vale do Silício. “Eles criaram muito bem essa ideia de ecossistema. As startups querem entrar para o Y Combinator não só pelo capital, mas por tudo que esse ecossistema agrega.”
A Future Labs acaba de ser lançada e ainda não fez nenhuma oferta. A primeira está prevista para o final deste mês.
Para criar a startup, Barroso levantou R$ 1 milhão com family and friends, que vão bancar a estrutura de custos da empresa no primeiro ano.
Como toda plataforma de crowdfunding, a receita da Future Labs é um percentual em cima dos valores levantados pelas companhias na plataforma. A meta da Future Labs é fazer quatro ofertas ainda este ano, levantando de R$ 250 mil a R$ 1 milhão em cada. Ano que vem, o objetivo é fazer de seis a oito ofertas.
Segundo o empreendedor, um dos diferenciais do mercado de games é que há um fator que vai além do retorno financeiro na decisão de investimento.
“Muita gente decide investir num jogo novo porque gostou muito do projeto e quer ver aquele jogo ganhar vida,” disse ele. “Obviamente a questão financeira também é decisiva, mas tem esse componente adicional.”
Uma possibilidade de saída do investidor são os M&As. Outra forma de retornar o investimento é com o pagamento de dividendos. “As desenvolvedoras têm um período de cash burn alto para desenvolver o jogo, mas depois a receita dos projetos tende a ser muito alta.”
No mercado, uma das críticas mais recorrentes às plataformas de crowdfunding de startups é que elas acabam gerando uma certa seleção adversa, já que as startups que optam por captar por lá em geral são as que não conseguiram passar pelos filtros de seleção dos fundos de investimento.
Para Barroso, isso é verdade para as startups, mas bem menos relevante no universo dos games. “O mercado de games no Brasil é bem mais atrasado que o mercado de startups. Tem pouca gente olhando para games, muito menos fundos de renome.”
O lançamento da Future Labs vem num momento positivo para o mercado de crowdfunding.
Há alguns meses, a CVM aprovou mudanças regulatórias que aumentaram o limite de receita para as empresas que podem captar por essas plataformas — de R$ 9 milhões para R$ 40 milhões — além do volume máximo que pode ser levantado numa rodada e do montante que cada investidor pode alocar.