Um fundo ligado à Caixa Econômica Federal anunciou a venda de sua fatia de 8,9% no capital do IRB, inaugurando a fila de desinvestimentos do governo Bolsonaro.

O banco estatal vai vender 27,6 milhões de ações num follow-on. Ao preço de ontem, a oferta – que será precificada no dia 26 – movimentaria cerca de R$ 2,5 bilhões.

Trata-se de uma participação que a Caixa detém por meio do FGEduc, o Fundo de Garantia de Crédito Educativo, e que não faz parte do acordo de acionistas.

No começo do mês, o Valor adiantou que o banco pretendia se desfazer de participações em carteiras de fundos governamentais, como o FGEduc e o FI-FGTS.

Fazem parte do acordo de acionistas a União, BB Seguros, o FIP Barcelona, da Caixa (que não será vendedor), além de Bradesco Seguros e Itaú.

Por ser um monopólio de fato e um ativo único, o IRB deve encontrar bastante demanda. O roadshow será só fora do País. “Acho que os gringos dão conta de demanda”, aponta um gestor.

Desde o IPO, há rumores de que a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, poderia se tornar acionista da companhia. O management do IRB já chegou a se encontrar com gestores da Berkshire.

Caixa, Merrill Lynch, Bradesco BBI, Banco do Brasil e Itaú são os coordenadores da oferta.

Desde o IPO, em julho de 2017, as ações do IRB mais que triplicaram, saindo de R$ 27 para R$ 92 no pregão de ontem.

O papel negocia a um múltiplo de 5,7 vezes seu patrimônio, em linha com a BB Seguridade e bem acima dos 2,8 vezes do Itaú. Mas o retorno sobre patrimônio também é muito maior: 40% para o IRB (mesmo com excesso de capital, que joga essa rentabilidade para baixo), contra 20% dos bancos.
 
O crescimento de dois dígitos no lucro também explica a valoriazação.  O papel negocia a um múltiplo de 16,5 vezes o lucro para este ano, contra 12,5 vezes do Itaú.  Em 2018, o lucro do IRB subiu 32% em relação ao ano anterior.
 
O anúncio da oferta não pesou muito sobre o preço da ação, que opera em baixa de 1,30% por volta das 11 horas.