Com um outono mais frio (finalmente) e uma melhor gestão de suas coleções, a Renner entregou um segundo tri em linha com o que o mercado esperava.

A empresa fez um same-store sales de 17,3% – 130 bps acima da mediana do consenso –; considerando apenas as marcas de vestuário, a alta foi de 18,6%.

O avanço da receita foi no mesmo patamar: o top line chegou a R$ 3,6 bilhões, um crescimento de 18,5% em comparação com o segundo tri de 2024. 

Já o lucro bruto cresceu 20,4%, ultrapassando a marca de R$ 2 bilhões e elevando a margem bruta para 57,1%, um ganho de 0,9 ponto. A taxa é uma das maiores da história da companhia para um segundo trimestre.

“A assertividade das coleções, as temperaturas mais normais para o período e a menor necessidade de remarcações explicam esse desempenho. Vendemos mais, a preço cheio, e com giro mais rápido,” disse o CEO Fábio Faccio ao Brazil Journal.

Fabio Faccio

Com isso, o lucro líquido ajustado da varejista foi de R$ 404,5 milhões, um crescimento de 28,4% na comparação anual, em linha com o consenso.  

Mas o lucro líquido foi ajudado também por itens não recorrentes na Realize, o braço financeiro da Renner. Excluindo os efeitos da Resolução 4.966, o lucro teria sido de R$ 361,9 milhões. 

Todas as marcas do grupo – Renner, Youcom e Camicado – apresentaram crescimento de receita acima das despesas operacionais, resultando em ganho de margem.

Além disso, o EBITDA ajustado cresceu 33% em relação ao segundo tri, chegando a R$ 891 milhões, com um avanço de 2,6 pontos na margem – a melhor da companhia em 11 trimestres.

O CFO Daniel Martins disse que o ciclo financeiro caiu de 147 para 135 dias, o menor patamar desde 2022. A redução veio da combinação da venda de produtos mais rentáveis com maior eficiência logística, especialmente graças à operação mais redonda do novo CD de Cabreúva.

A logística mais afinada também ajudou nos resultados da Renner no digital. O site da varejista teve um crescimento de 20,7% na receita, chegando a R$ 734,3 milhões, e passou a representar 15,1% da receita – alta de 0,3 ponto em comparação com o mesmo período de 2024.

Já o NPL acima de 90 dias na Realize caiu 4,9 pontos em um ano, para 13,5%. “Tivemos uma inadimplência mais controlada e um bom controle de custos de funding na Realize,” disse o CFO. 

Com uma posição de R$ 1,8 bilhão de caixa líquido, Faccio disse que é hora de investir em crescimento e capturar novas oportunidades. A Renner planeja abrir de 30 a 37 lojas de todas as marcas neste ano.

“Hoje nossa posição de caixa nos permite seguir investindo em tecnologia, abertura de lojas e no modelo omnichannel, ao mesmo tempo em que continuamos remunerando o acionista com JCP e recompras,” disse o executivo.

Sobre o segundo semestre, Faccio diz que ainda não tem sentido nenhum efeito de desaceleração. Mas uma coisa que pode acontecer, segundo ele, é uma comparação um pouco mais poluída no terceiro tri por causa da demora da chegada do frio em 2024.

“No ano passado, quando você teve um outono mais quente, as vendas acabaram ‘escorregando’ para o terceiro tri. Mas os resultados têm sido em linha com a nossa expectativa,” disse.

A ação da Renner sobe 36% em 12 meses, e a ação negocia a 9x o lucro estimado para 2026. A empresa vale R$ 19 bilhões na B3.