A Kanastra — uma startup que fornece serviços de backoffice para fundos e produtos securitizados — acaba de levantar R$ 170 milhões numa rodada liderada pela F-Prime, uma subsidiária da Fidelity, e que teve a participação do IFC, o braço de investimentos do Banco Mundial.
A rodada Série B vem apenas oito meses depois da Kanastra ter levantado uma rodada com o Itaú, por meio do Kinea Ventures. Antes, ela havia captado a Série A com a Kaszek Ventures e o fundo Atlântico.
No total, a startup já levantou outros US$ 40 milhões desde que foi fundada em janeiro de 2022 por Gustavo Mapeli – um executivo com passagens pelo BNP Paribas em Londres, pelo BCG e Softbank – e Manuel Netto, que trabalhou na ZX Ventures, o hub de inovação e aceleração de bebidas da AB InBev.
Mapeli disse ao Brazil Journal que decidiu fazer a rodada para acelerar o desenvolvimento de produto e tecnologia.
“A construção de um sistema para crédito privado no mercado de capitais é muito ampla e profunda. Não é algo que você constrói em dois ou três anos,” disse ele. “Tínhamos um roadmap, e o que estamos fazendo é acelerando isso.”
O cofundador disse que o investimento em tecnologia passa por automatizar parte dos processos do backoffice da startup. “Toda a parte de aquisição de ativos, em que rodamos as políticas de investimentos, já está automatizada. Mas os processos no passivo – como chamadas de capital e reconciliação – ainda são manuais e queremos automatizar,” disse ele.
Desde janeiro, quando fez a rodada com o Itaú, a Kanastra mais que dobrou de tamanho, passando de R$ 15 bilhões em ativos para R$ 35 bilhões. Manuel Netto disse que a startup fez isso crescendo o time em apenas 35% — gerando alavancagem operacional.
“E isso só foi possível pelos investimentos em tecnologia. Uma coisa é sair de 100 para 200 fundos. Quando saiu de 250 para 500, que é o que estamos fazendo, é preciso aumentar ainda mais essa alavancagem operacional,” disse Netto.
A Kanastra opera em três verticais. A primeira é a de serviços para fundos, na qual ela faz a gestão, administração e custódia, especialmente de FIDCs.
A segunda é a de securitização: basicamente, a emissão, gestão, custódia e administração de produtos securitizados, como CRIs, CRAs, LCAs e LCIs.
A empresa oferece ainda serviços bancários para os fundos e os produtos securitizados, como escrow accounts, contas pagamento, emissão de CCBs, boletos e Pix.
A Kanastra atende quase 200 clientes, incluindo Itaú, XP, Banco BV, ABC Brasil, Pátria e JGP.
A startup não abre sua receita, mas ela é uma comissão de 0,1% a 0,5% sobre a base de ativos (R$ 35 bilhões) — ou seja, algo entre R$ 35 milhões e R$ 175 milhões por ano.
A Kanastra compete com diferentes players em cada uma de suas verticais. Na parte de administração e custódia de fundos os principais competidores são Oliveira Trust, BRL e Vórtx. Na securitização, os maiores são a Opea e Virgo. Já no banking as a service ela concorre com a Celcoin e a QI Tech.
Rocio Wu, sócia da F-Prime, disse que o mercado de crédito privado brasileiro, onde a Kanastra opera, vive um ponto de inflexão.
Este mercado “cresceu 230% nos últimos cinco anos atraindo capital global impulsionado pelo cenário macro e regulatório, mas ainda carece da infraestrutura digital necessária para sustentar esse crescimento,” disse ela. “A Kanastra construiu uma plataforma completa, com base operacional robusta, e nos impressionou com sua capacidade de execução e velocidade de produto.”