O Faena, o hotel de luxo que encanta brasileiros em Buenos Aires e Miami, vai abrir na região da Faria Lima, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.
As vendas começam no segundo semestre e as obras, no final de 2024.
O primeiro Faena do Brasil é uma associação da rede com a incorporadora e construtora Even.
O projeto ainda não está pronto, mas deve envolver o hotel e um residencial. O empreendimento ficará num terreno de 20 mil metros quadrados na rua Diogo Moreira, perto do encontro das avenidas Faria Lima e Eusébio Matoso – e terá um Valor Geral de Vendas estimado em R$ 3 bilhões.
O empreendimento foi concebido em parceria com o Grupo Malzoni, o proprietário do terreno.
O desafio será recriar (ou criar uma versão paulistana) aquele ambiente do Faena original, que mescla escuridão a dourados, sensualidade a decadência, digna de um cabaré portenho. Um corredor de dez metros de altura, com espelhos dos dois lados, cortinas douradas e cabeças de unicórnio fizeram a fama do Faena em sua localização original, em Puerto Madero.
O então nascente bairro de escritórios ganhou um ar moderno com o kitsch extravagante instalado em um antigo (e enorme) armazém de grãos de 1902.
Brasileiros e o mundo começaram a tomar drinks no Faena. A rede francesa Accor comprou a operação em 2021, preparando a sua expansão global.
Alan Faena, um estilista conhecido por se vestir com ponche, chapéu e bota de vaqueiros (tudo junto), conseguiu transformar seu sobrenome em uma marca ‘cool’ de hospitalidade.
No projeto brasileiro, os novos sócios também prometem um “Art Center”, com estrutura independente e dedicada à arte, cultura e gastronomia, e um espaço destinado a eventos. O acordo foi assinado há alguns dias em um jantar no Faena Miami Beach, o segundo da rede.
Além de Buenos Aires, Miami e agora São Paulo, o grupo também anunciou um Faena em Nova York.
O Faena está chegando ao Brasil em meio a um mercado hoteleiro em transformação, com a queda do turismo de negócios e uma maior disputa no turismo de luxo, design e lazer.
A disputa direta será com o recém-inaugurado Fasano Itaim, o Tangará e o Rosewood (que trouxe o mesmo design de Philippe Starck para São Paulo, mas 17 anos após seu trabalho barroco no Faena).
O Faena portenho também ganhou seu anexo residencial em 2013, projetado pelo arquiteto britânico Norman Foster, ainda inédito em terras paulistanas. Já em Miami, Faena contou com projetos assinados pelo escritório de arquitetura do OMA, do premiado holandês Rem Koolhaas, outro dos grandes nomes que jamais teve um projeto construído no Brasil.
Os pioneiros hotéis-design paulistanos, Emiliano, Fasano e Unique, são contemporâneos do primeiro Faena de Buenos Aires, e também competem pelo mesmo público.
De forma mais ampla, o setor tem se recuperado após as quedas durante a pandemia. Em março, a ocupação hoteleira paulistana chegou a um recorde de 77% dos quartos — a melhor ocupação de um mês desde 2018, número atribuído a grandes eventos como o Lollapalooza.
Em meses anteriores, só durante a temporada de shows do Coldplay e durante a Formula-1 houve números parecidos. No primeiro trimestre, a ocupação foi de 61%.
Múltiplas crises têm chacoalhado veteranos do ramo e marcas internacionais. A operação do Four Seasons durou pouco mais de um ano em São Paulo. O anúncio de um Hard Rock Hotel na avenida Paulista não se concretizou. A concessionária responsável pelo restauro e modernização do estádio do Pacaembu já anunciou a criação ali de um hotel da rede Universal Music.
Só falta o turismo em São Paulo ter fôlego para tantos investimentos.