O Nano Art Market — um marketplace de arte fundado pelo dono da galeria Oma, Thomaz Pacheco — acaba de fazer uma rodada para tentar escalar o negócio, o primeiro do tipo no Brasil e um dos poucos no mundo.
O Nano vendeu 20% da empresa a um valuation de cerca de R$ 7 milhões.
A captação foi liderada por Carlos Ferreira, o ‘Carlão’ – que chefiou a mesa institucional da XP por mais de uma década e era um dos três maiores sócios da corretora – e teve a participação da 2TM, a holding do Mercado Bitcoin, e de mais quatro investidores-anjo ligados ao mundo da arte.
A startup opera hoje três linhas de negócios: o Nano Art Market, o marketplace de obras físicas que dá nome à empresa; o Tropix, um marketplace de NFTs que ela comprou no ano passado; e uma vertical de educação especializada no mercado de arte, que já tem cerca de 1.000 alunos pagantes.
Naturalmente, a 2TM entrou na rodada por conta do Tropix, que hoje é a maior plataforma brasileira de venda de NFTs.
Já Carlão decidiu investir porque é colecionador de arte há mais de 10 anos, cliente da Oma, e porque acredita que o mercado de arte eventualmente terá que se digitalizar.
“De todos os mercados, o único que ficou para trás em termos de tecnologia é o de arte,” o investidor disse ao Brazil Journal. “Com o tempo isso vai ter que evoluir, e acho que o Nano Art pode ser o player para liderar esse movimento.”
Segundo ele, isso aconteceu, em parte, por uma certa resistência das galerias.
“Muitas galerias do Brasil ainda tem o mesmo modus operandi de quando começaram. Essas galerias acreditam que quanto mais ‘caixa preta’ o mercado for mais interessante para elas, porque elas ganham no spread.”
Mas, como o negócio do Nano Art depende justamente das galerias, “nosso desafio é criar transparência nos preços e negociações, sem prejudicar o business das galerias,” disse Carlão.
O desafio do Nano será gigantesco.
A startup está apostando num nicho que ainda é pequeno no Brasil. O mercado de arte brasileiro é menos de 1% do mercado global, que movimenta cerca de US$ 60 bilhões por ano. Para completar: boa parte das transações de valores mais altos é feita por grandes colecionadores e intermediada por merchants.
A tese da startup é começar apostando nas transações menores — obras de R$ 1.000 a R$ 200.000 — e em compradores mais jovens, que ainda estão iniciando no mundo da arte.
Para isso, a plataforma educacional tem um papel fundamental. “Nossa ideia é formar o comprador pela escola e depois converter ele num usuário do marketplace,” disse Thomaz. “Nas aulas ensinamos sobre o mercado de arte, e não sobre arte. Falamos sobre compra, revenda, valorização e consolidação dos artistas e os aspectos que o colecionador tem que olhar. Não temos pudor de falar de dinheiro.”
Carlão nota que esse modelo é semelhante ao adotado pela XP no início, quando ela apostou em educar seus futuros clientes sobre finanças para depois começar a monetizá-los.
Por enquanto, a parte educacional tem contribuído mais para a receita que o marketplace, que teve poucas transações desde que começou a operar em fevereiro do ano passado.
De lá para cá, o Nano Art vendeu 27 obras, que movimentaram R$ 490 mil. Já a Tropix vendeu pouco mais de 130 NFTs, com um volume financeiro próximo de R$ 100 mil.
O Nano Art fica com uma comissão de 10% sobre as vendas.
O marketplace já tem 71 galerias conectadas — um número relevante dado que existem hoje em torno de 120 galerias respeitadas no Brasil, segundo Thomaz. Há grandes nomes do setor como a Luciana Brito, Galeria Leme e Jaqueline Martins, de São Paulo, a Albuquerque Galeria (ex-Celma Albuquerque), de Belo Horizonte, a Cavalo, do Rio, e a RV Arte e Cultura, de Salvador.
Mas essas galerias estão expondo no marketplace apenas uma pequena parte do acervo — em torno de 10 a 20 obras — e, em geral, obras com um tíquete menor.
Segundo Thomaz, a obra mais cara à venda no Nano Art custa cerca de R$ 200 mil, enquanto a venda mais cara até agora ficou na faixa de R$ 30 mil, uma obra da Bolsa de Arte de Curitiba.