A VTEX — a maior plataforma de ecommerce no modelo de SaaS da América Latina — acaba de concluir uma rodada que cria o mais novo unicórnio brasileiro, pessoas a par do assunto disseram ao Brazil Journal. Um anúncio formal deve ser feito nos próximos dias.
A rodada Série C de US$ 225 milhões avalia a companhia fundada por Geraldo Thomaz e Mariano Gomide de Faria em US$ 1,7 bilhão (post money) — cinco vezes mais que o valuation da rodada anterior.
O maior cheque está vindo do Tiger Global Management — um investidor de early stage do Facebook e do Linkedin — seguido do Lone Pine Capital, uma gestora de Nova York com cerca de US$ 10 bilhões sob gestão que investe principalmente em empresas listadas. Dois dos acionistas atuais da VTEX — Softbank e Constellation — estão acompanhando a rodada.
Fontes do setor estimam que a VTEX fará uma receita líquida de US$ 100 milhões este ano, quase em sua totalidade uma receita recorrente. Ao longo dos últimos anos, a companhia cresce cerca de 46% ao ano nos últimos seis anos, mas a digitalização forçada pela pandemia deve fazer o negócio dobrar de tamanho este ano, segundo essas fontes.
A rodada vem no momento em que o IDC — a principal firma de análise de TI do mundo — elegeu a VTEX como uma das plataformas líderes do B2C, junto com nomes como Salesforce e Adobe e à frente de gigantes como SAP e Oracle.
É a primeira vez que uma empresa latinoamericana está presente no quadrante de líderes do IDC, além de ser apontada como a mais visionária em termos de estratégia — um sinal de que o Brasil está se posicionando como um centro de serviço mundial de digital commerce. Segundo as pessoas a par do assunto, os fundadores acham que o Brasil pode se tornar o país-referência em serviços digitais, “porque o brasileiro entende essa coisa caótica que é o comércio eletrônico.”
A VTEX pretende usar os recursos para contratar mais 160 desenvolvedores, aumentar suas funcionalidades de omnichannel e marketplace e investir no atendimento em todas as regiões em que atua, segundo essas fontes. Clientes como Samsung, Motorola, Black&Decker, Whirlpool, Electrolux usam a tecnologia da VTEX para gerir operações de D2C em diversos países.
A grande inovação trazida pela A VTEX foi facilitar a entrada das empresas no ecommerce com um custo baixo. A companhia criou um ecossistema de dezenas de agências de marketing digital ao seu redor que desenvolvem e entregam as lojas online ao cliente, usando o código da VTEX. Essas agências também se tornaram ‘vendors’ da companhia, e muitas já começaram a exportar seus serviços.
Na América do Norte, a companhia mais comparável à VTEX é a canadense Shopify, que negocia a cerca de 40x a receita estimada para 2021 e vale US$ 116 bilhões na NYSE. A diferença entre elas: a Shopify começou com clientes na base da pirâmide e subiu até o meio; já a VTEX começou com os clientes do meio da pirâmide e foi subindo para o topo.
Segundo pessoas próximas aos fundadores, essa deve ser a última rodada antes de um provável IPO da VTEX nos EUA, que pode acontecer já no segundo semestre do ano que vem.
Assinado no início de setembro, o aporte vem quase um ano depois da Série B que avaliou a companhia em R$ 2 bilhões. Na ocasião, a companhia recebeu um aporte de US$ 140 milhões do Softbank, Constellation e Gávea Investimentos. O Riverwood Capital, um dos fundos de growth do Silicon Valley mais atuantes na América Latina, é acionista da VTEX desde 2014.