A IMC e o empresário Carlos Wizard estão negociando um acordo que transformaria o ‘self-made man’ no maior acionista da companhia, dona do Frango Assado e do Viena.
Na transação que está sendo proposta, Wizard contribuiria com os negócios de fast food de seu Grupo Sforza (as masterfranquias de Pizza Hut, KFC e Taco Bell) em troca de uma participação minoritária mas relevante na IMC. O número na mesa é 18%.
O acordo também permitiria ao Sforza indicar três conselheiros na IMC: o próprio Wizard, que se tornaria chairman, e seus dois filhos, Lincoln e Charles.
Segundo uma fonte, a Yum Brands, dona das marcas do Sforza, já teria dado sinal verde para o acordo.
O Itaú BBA está assessorando a IMC, e as diligências mútuas já foram feitas.
A transação permitiria à IMC converter lojas deficitárias do Viena em Pizza Hut, KFC ou Taco Bell, ter um acionista controlador de fato com visão de longo prazo, e acelerar a expansão do Frango Assado, a maior avenida de crescimento da IMC hoje.
Para Wizard, a IMC lhe permite acessar um ativo onde ele vê escala e potencial de crescimento, bem como se tornar o acionista controlador de fato sem precisar fazer uma oferta aos minoritários.
A negociação, que já se desenrola há meses, vem depois da IMC ter rejeitado uma oferta de fusão com a Sapore, do empresário Daniel Mendez.
Mas enquanto Mendez pensava em levar as marcas da IMC para as cantinas corporativas — onde a Sapore lidera — e em gerar sinergias de custo na cadeia de fornecedores, não está claro que tipo de sinergias o casamento com o Sforza pode gerar para a IMC (para além de sinergias comerciais na negociação com shoppings, por exemplo).
Além das duas empresas terem marcas que competem nos mesmos espaços físicos — as praças de alimentação — o negócio de franquias, no qual Wizard fez fortuna, é diferente do varejo alimentar. A cadeia de fornecedores da Sforza, por exemplo, não pode ser azeitada para trabalhar com a da IMC porque suas marcas trabalham sob especificações rígidas da Yum.
“O Wizard não é um cara do varejo alimentar, é um cara de franquias,” diz uma fonte do setor. “Para a IMC, seria trocar um controlador financeiro [o Advent] por outro.”
Ainda assim, a transação abriria um novo capítulo para a IMC num momento em que muitos investidores já abandonaram a companhia, e a ação negocia aos mesmos níveis de dois anos atrás. A IMC vale R$ 1,1 bilhão na B3 e a ação negocia ao redor de R$ 6,60.
O acordo também marcaria a saída da Advent como acionista de referência da companhia. A gestora vendeu 73% de sua posição na empresa a R$ 8/ação em novembro de 2017.