A Eleva Educação está comprando a Agenda Edu, um aplicativo que conecta os pais de alunos à jornada escolar dos filhos e uma das edtechs mais bem sucedidas do Brasil, pessoas a par das negociações disseram ao Brazil Journal.

11150 6cab8693 0680 c21c b23c 2d889cd42b11Com 2.000 escolas em sua base, a Agenda Edu cobra delas cerca de R$ 20 por aluno/ano para dar acesso à plataforma, um marketplace que permite que os pais recebam comunicados da escola, agendem o horário de pegar os filhos na saída e, eventualmente, comprem materiais didáticos e até paguem a mensalidade pelo app.

A aquisição — parte em dinheiro, parte em ações da Eleva — também funciona como um ‘acquihire’:  Anderson Morais, o fundador e CEO da Agenda Edu, também vai liderar o ‘corporate venture’ da Eleva, que será responsável por comprar outras startups, criar produtos e fazer parcerias com empresas. Com mais de 85 mil alunos próprios, a Eleva consegue dar a massa crítica e viabilizar startups desde cedo.

Com a aquisição, a Eleva está apostando que o celular dos pais é o canal mais eficaz para distribuir qualquer produto ou serviço no ecossistema escolar.  Numa primeira demonstração dessa sinergia, nos próximos meses a companhia planeja fazer o spinoff de sua área de simulados e provas em uma empresa independente que, além de atender os alunos da Eleva, poderá vender seus testes também para as escolas atendidas pela Agenda Edu.

A aquisição vem pouco antes do esperado IPO da Eleva, que deve acontecer no início de 2021.

A companhia já contratou Itaú BBA, Goldman, Morgan Stanley e Santander, e ainda está decidindo entre abrir o capital no Brasil ou nos EUA.

Com 140 escolas em 11 estados, além de dois sistemas de ensino, a Eleva deve faturar R$ 1,2 bilhão este ano, comparado a pouco mais de R$ 900 milhões ano passado.  A empresa nasceu da fusão em 2013 dos cursos Pensi e Elite, ambos cursos preparatórios para o vestibular no Rio de Janeiro.

A estratégia do CEO Bruno Elias tem sido comprar marcas locais fortes para em seguida expandir organicamente.  O grupo tem feito de duas a três aquisições por ano. Em Minas Gerais, comprou a rede Coleguium; no Paraná, a rede Alfa.  Das 140 escolas no portfólio, 50 foram abertas nos últimos dois anos.  As mensalidades variam de R$ 500 a R$ 5.000.

Esse mix de M&A e crescimento orgânico já transformou a Eleva na maior empresa de educação básica do País, com 85 mil alunos.  O SEB, do empresário Chaim Zaher, tem 50 mil, e a Saber, da Cogna, tem 30 mil.

Quando chegar à bolsa, a Eleva espera ser precificada a um múltiplo de sua receita recorrente, o que — aplicando múltiplos de empresas como Arco Educação e Afya — poderia avaliar a companhia entre R$ 4 bilhões e R$ 6 bilhões, segundo pessoas familiarizadas com os planos do IPO.

O maior acionista da Eleva é o fundo Gera, cujo maior cotista é Jorge Paulo Lemann e que detém cerca de 56% da empresa.  O Warburg Pincus, que investiu R$ 300 milhões na companhia há três anos, tem 26%, e o restante está nas mãos do management e de donos de escolas que venderam seu negócio para a Eleva.