A Cosan contratou os bancos para o IPO da Compass, sua recém-criada subsidiária para investimentos no setor de gás e energia, uma transação que deve levantar até R$ 5 bilhões, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.

A oferta, 100% primária, deve trazer para a Bolsa uma companhia com a combinação rara de crescimento e capacidade de pagamento de dividendos, além de criar potencialmente uma empresa com mais de R$ 20 bilhões de valor de mercado pre-money.  Para efeito de comparação, a Cosan vale R$ 33 bilhões na B3.

Depois do IPO, a Cosan deve ficar com cerca de 80% da Compass, segundo as fontes. A operação deve vir a mercado no final de setembro.

Os coordenadores serão Itaú BBA (líder), Santander, Morgan Stanley, BTG Pactual, Citi e Bradesco.  Safra, UBS e XP também fazem parte do sindicato.

Esta será a primeira listagem de uma subsidiária da Cosan depois da companhia anunciar o início de sua restruturação societária no início deste mês.  A companhia ainda pode listar a Raízen num futuro próximo.

A Compass é o veículo por meio do qual a Cosan participa da Comgás, pagadora do maior dividend yield da Bolsa nos últimos cinco anos, e de uma comercializadora de energia. A companhia usa seu portfólio cruzado de clientes para vender energia elétrica a quem só comprava gás, e gás a clientes que só compravam energia.

Além da comercialização, a Compass vai operar outras três linhas de negócio.

Na distribuição, o mercado especula que a Compass está participando da venda da Gaspetro e deverá analisar a privatização de distribuidoras estaduais de gás. Estados como Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Paraná já manifestaram a intenção de vender suas participações.

Na infraestrutura, a Compass é o veículo pelo qual a Cosan participará do Rota 4, o gasoduto de escoamento que ligará o gás da Bacia de Santos ao mercado consumidor de São Paulo — um investimento estimado em R$ 8 bilhões e no qual a Compass deve ter algo entre 5% e 10%. A empresa quer ter a participação mínima necessária que lhe dê acesso à molécula de forma competitiva, segundo comentários meses atrás do CEO Nelson Gomes.

No segmento de geração, a Compass vai buscar parcerias para participar dos próximos leilões de térmicas a gás. A companhia quer ter as participações mínimas necessárias para viabilizar os leilões e assim criar valor na geração de energia, o chamado “despacho fora da ordem de mérito.”