A Claro está em conversas avançadas para adquirir a Desktop, a provedora de fibra independente que domina o interior de São Paulo, duas fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.
A Claro já está conduzindo sua diligência na empresa mas ainda não fez uma oferta vinculante. A transação seria por 100% do capital e levaria ao fechamento do capital da Desktop, mas, como é comum em transações deste tipo, as conversas podem não levar a um acordo.
Se a oferta se materializar, esta será a primeira vez que uma das três grandes operadoras compra um ISP, alimentando a expectativa de que outras transações possam acontecer na sequência. Pelo menos duas empresas do setor têm trabalhado com bancos para buscar uma venda: a Aloha, controlada pela EB Capital, e a Vero, que tem a Vinci e a Warburg Pincus como acionistas.
Uma venda da Desktop também poderia levar o mercado a reavaliar os outros dois players listados: a Brisanet – do empresário José Roberto Nogueira, e que domina o Nordeste – e a Unifique, de Fabiano Busnardo, que é líder em Santa Catarina.
A Desktop vale R$ 1,15 bilhões na Bolsa e é controlada pela gestora de private equity HIG, que tem 53% do capital e está liderando as conversas com a Claro.
A HIG contratou o Bank of America como assessor, e a Claro não está trabalhando com advisors.
No ano passado, a Vivo também chegou a olhar o ativo e engajou por alguns meses numa negociação exclusiva, mas as duas partes não chegaram a um acordo em relação ao preço.
“Taticamente, o ativo é estratégico para as duas companhias. A Vivo fecharia São Paulo com a compra, enquanto a Claro conseguiria avançar no Estado,” disse um banqueiro de investimentos que cobre o setor mas não está envolvido na potencial operação.
Segundo este banqueiro, em tese a Claro pode pagar um preço maior que a Vivo, já que o overlap de sua fibra com a da Desktop é um pouco menor do que o da Vivo.
O principal obstáculo para a venda da Desktop ainda pode ser o preço. A Desktop negocia hoje na Bolsa perto de 5x EV/EBITDA, mas a HIG estaria buscando uma transação a um múltiplo EV/EBITDA de 7x a 8x. Para que haja negócio, a Claro teria que estar disposta a pagar um prêmio pelo valor estratégico do ativo.