Davi Holanda liderou a criação de mais de 15 produtos na PagBank – incluindo a entrada da companhia no mercado de maquininhas e de cartões pré-pago e de crédito.
Em 2018, quando deixou a empresa logo após o IPO e depois de 6 anos de casa, ajudou a fundar o Bankly, um banking as a service adquirido pela Méliuz e depois vendido para o Banco BV.
Agora, o empreendedor cearense está se valendo dessas duas experiências numa nova empreitada em serviços financeiros – unindo inteligência artificial, Whatsapp e uma conta digital.
A Jota – uma plataforma conversacional baseada em IA que automatiza as finanças de microempreendedores e microempresas – acaba de levantar US$ 8,9 milhões numa rodada liderada pela Maya Capital, a gestora de VC de Mônica Saggioro e Lara Lemann.
A captação também teve a participação da HOF Capital, BigBets, Alter Global, Bogari Capital, Norte Ventures e de investidores-anjo como Fersen e Mateus Lambranho, Mauro D’Ancona, o fundador da 180 Seguros, Dennis Wang e Pedro Fiuza.
A Jota (uma brincadeira com o termo PêJota) funciona dentro do Whatsapp, permitindo que os usuários façam pagamentos em texto, áudio ou enviando uma foto, além de permitir receber valores gerando um QR Code que pode ser encaminhado ou impresso.
O usuário também pode enviar perguntas em áudio ou texto no chat, recebendo insights sobre o seu negócio, como cálculos financeiros, relatórios de faturamento e recomendações.
Para usar a Jota, basta iniciar a conversa no Whatsapp da empresa e abrir uma conta, num processo que leva poucos minutos. Na sequência, o cliente usa a chave pix criada para enviar valores para a conta e começar a fazer pagamentos.
Todas as informações da conta, como saldo e movimentações, podem ser acessadas perguntando ao chatbot.
“Estamos no meio de um shift de era. Teve a era do PC, a era da internet, a era do cloud e a era do mobile first. Agora é a era da IA,” Davi disse ao Brazil Journal.
Para ele, essa nova era vai impor mudanças nas lógicas dos negócios e na forma como os usuários consomem informações. “A lógica navegacional vai sofrer bastante com isso. O usuário não vai mais querer navegar pelas páginas. Ele vai querer que a ferramenta faça isso por ele e entregue tudo pronto,” disse Davi.
Segundo ele, a Jota é uma resposta a essas mudanças, entregando uma solução que resolve os problemas dos usuários e aumenta sua produtividade.
A plataforma foi criada usando os APIs da Meta em cima da infraestrutura da OpenAI. É a Jota, no entanto, que treina o modelo de IA. “A OpenAI é um modelo generalista, e o nosso negócio não. Usamos a inteligência cognitiva deles, mas estamos construindo o nosso modelo de finanças, voltado para as especificidades que a gente precisa.”
Monica, da Maya, disse que a Jota mira um mercado “muito sub-atendido” e que não é prioritário para os grandes bancos. “E o Davi é o cara certo para desenvolver essa tese por toda a experiência que ele teve no setor financeiro,” disse a gestora. “Essa facilidade de pagamento que eles estão criando é muito boa para os empreendedores e vai ser uma porta de entrada para oferecer outras soluções.”
O plano da Jota é oferecer as features iniciais gratuitamente, e depois lançar outras ferramentas que gerem receita para a companhia — por exemplo, o crédito.
A Jota está começando no Whatsapp, mas pretende entrar em outros canais.
“No futuro, vão existir diversas ‘surfaces’ [interfaces] com o usuário. Vai ter uma dentro dos óculos de realidade aumentada, outra dentro da casa e outra dentro do carro. O importante é que sua conversa seja contínua com o cliente, independente da ‘surface’ que ele está,” disse Davi. “Começamos pelo Whatsapp porque o brasileiro passa muitas horas lá dentro, mas as demais também serão importantes no futuro.”
A plataforma vinha operando apenas em beta, com amigos e familiares do fundador, e está sendo lançada oficialmente hoje. No business plan, a meta é chegar a 20 mil usuários até o final do ano, mas Davi diz que sua meta pessoal é mais ambiciosa.
“Meu sonho é já chegar a 100 mil clientes no primeiro ano. Vou acordar cedo e dormir tarde para entregar isso. E a oportunidade que vemos no longo prazo é de milhões de usuários.”