Marco Cauduro — o ex-CEO da CCR e da Log-in — está se tornando sócio da Prisma Capital, a gestora de special situations hoje com R$ 15 bilhões em ativos sob gestão. 

Na Prisma, Cauduro vai se reconectar com seu passado de investidor. Antes de migrar para a vida executiva, ele trabalhou no Deutsche Bank e no Morgan Stanley e co-fundou duas gestoras: a Tarpon e a Cox Capital, focada em small caps e micro caps.

boopo marco cauduroNa Cox, Cauduro investiu na Log-In, onde passou a fazer parte do conselho antes de ser nomeado CEO. Executou um turnaround bem sucedido na companhia e depois vendeu 70% do negócio para a MSC. 

Em 2020, Cauduro assumiu o comando da CCR, também num momento conturbado da empresa. Na época, a CCR havia perdido mais de 80 executivos no rastro da Lava Jato e precisava definir uma nova estratégia de alocação de capital.

Nos dois anos em que liderou a companhia, a CCR renovou a concessão da Nova Dutra e ganhou 16 aeroportos e as linhas 8 e 9 da CPTM. Ele deixou a companhia no final do ano passado. 

A decisão de se juntar à Prisma teve a ver com a visão do executivo de que o mercado de infraestrutura local ainda tem inúmeras oportunidades — e precisa de novos operadores. 

“O investidor estratégico estrangeiro quer alocar em projetos no Brasil mas tem dificuldade de encontrar um sócio local,” Cauduro disse ao Brazil Journal

Segundo ele, existe um pipeline gigantesco de projetos de infraestrutura para os próximos anos, porque o Brasil historicamente investiu muito pouco no setor. 

Ao mesmo tempo, “o ambiente regulatório está muito melhor do que era no passado, com agências muito técnicas, e temos opções de financiamento de longo prazo, o que permite que o setor não dependa só dos bancos de fomento.”

Cauduro nota que o Brasil investe hoje apenas cerca de 1 ponto percentual do PIB em infraestrutura, o que não é suficiente sequer para cobrir a depreciação da atual base de ativos. Para isso, diz ele, seria preciso investir entre 1,4 e 1,5 ponto. 

“Já para expandirmos a base de ativos precisaríamos investir 3 pontos percentuais do PIB, três vezes mais do que investimos hoje,” disse o executivo.

Na Prisma, Cauduro vai liderar a área de infraestrutura com um foco especial em dois segmentos: logística e transporte, especialmente logística intermodal (de granel líquido e sólido) e multimodal (por exemplo, uma ferrovia integrada a um porto e rodovia); e saneamento, dado o crescimento potencial do setor depois do Marco Legal. 

Em aeroportos, Cauduro disse que existem projetos interessantes em malhas regionais mas não há tanta profundidade no pipeline olhando para frente. 

A Prisma já tem investimentos relevantes em infraestrutura. Em 2021, ela comprou o controle da Origem Energia, a empresa de óleo e gás que é dona do Polo de Alagoas; e, no ano seguinte, fundiu todos os seus ativos de energia renovável com a comercializadora Matrix, dando origem a uma gigante integrada do setor. 

A Prisma também gere o Prisma Proton Energia (PPEI11), um FIP-IE listado na Bolsa que é dono de quatro parques solares. 

Na Prisma, Cauduro encontra uma gestora especializada em lidar com situações complexas, jurídicas e regulatórias, e com uma estruturação financeira que é essencial num setor intensivo em capital. 

“Tem muitas companhias com problemas de capital, de sucessão, ou que passaram por problemas de corrupção, por exemplo,” disse Cauduro. “E são ativos muito interessantes, de longa duração e com uma estabilidade de fluxo de caixa.”