Enquanto vocês ainda estão aí insistindo que “o petróleo é nosso”…
Um experimento com fusão nuclear feito no Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, conseguiu atingir um ‘ganho líquido de energia’ pela primeira vez na história — um breakthrough científico gigantesco que tem potencial de redesenhar a geopolítica global e mudar o jogo no combate à mudança climática.
A notícia foi dada em primeira mão no domingo pelo Financial Times. O Departamento de Energia dos EUA deve fazer o anúncio oficial amanhã.
A fusão nuclear consiste em fazer átomos de hidrogênio colidir em alta velocidade — a mesma reação que alimenta o Sol — e então usar a energia gerada por esse processo para criar eletricidade.
É uma tecnologia diferente daquela usada pelas plantas nucleares de hoje, que funcionam a partir da fissão nuclear (a separação dos átomos). A energia gerada na fusão não produz resíduos radioativos de longa vida, já que o resultado do processo é o hélio, que não é radioativo e nem tem risco de gerar explosões.
Por isso, muitos especialistas chamam a tecnologia do ‘Holy Grail’ da produção energética.
A técnica também permite que uma vasta quantidade de energia seja produzida usando uma pequena quantidade de hidrogênio como combustível, o que a torna uma fonte de energia quase infinita.
Até pouco tempo, no entanto, os cientistas não haviam conseguido uma geração líquida de energia nos testes em laboratório — ou seja, gerar mais energia com a fusão nuclear do que o montante consumido para levar o processo a cabo.
Segundo o Financial Times, isso aconteceu pela primeira vez nas últimas semanas, quando o laboratório de Lawrence Livermore conseguiu produzir 1,2x mais energia que o consumido — ou 2,5 megajoules de energia. (Em agosto de 2021, o Livermore havia conseguido 1,3 megajoules, um recorde até então, mas que não constituía um ganho líquido.)
Ontem, o laboratório disse num comunicado que os dados iniciais sugerem um “sucesso” no experimento, mas que a quantidade exata de energia gerada ainda está sendo confirmada.
“Se esse breakthrough na fusão nuclear for verdadeiro, ele pode ser um ‘game changer’ para o mundo,” o deputado americano Ted Lieu tuitou no fim de semana após o furo do FT.
No início do ano, outro parlamentar americano, o democrata Don Beyer, havia dito numa conferência na Casa Branca que a fusão nuclear é o “Holy Grail da mudança climática e de um futuro descarbonizado.”
“Talvez ainda mais importante, a fusão nuclear tem potencial para tirar mais cidadãos do mundo da pobreza do que qualquer outra ideia desde a descoberta do fogo.”
Ainda que o potencial avanço seja um sopro de esperança, a tecnologia da fusão nuclear ainda está a pelo menos 10 anos de distância de ser uma fonte de eletricidade disponível comercialmente, segundo a Euronews.
O Lawrence Livermore teve que usar um dos maiores lasers do mundo para fazer seus experimentos, e o processo requer materiais que são difíceis de produzir.
Além disso, o equipamento necessário para transformar a energia produzida da fusão em eletricidade que possa ser injetada no grid ainda não foi desenvolvido.