A gangorra dos preços dos rótulos mais exclusivos dos champanhes franceses não foi muito diferente do mercado acionário no último ano – mas, ao contrário das Bolsas, os espumantes encerraram 2023 em forte queda.

Uma pequena bolha nos preços havia sido inflada durante a reabertura pós-pandemia. Agora, no entanto, esse mercado vive os dias de correção de seus excessos. 

A London International Vintners Exchange, uma ‘Bolsa’ de vinhos finos com sede em Londres, acompanha os preços há mais de duas décadas. O índice Liv-ex Champagne 50 caiu 17,2% entre janeiro e novembro, informa uma reportagem da Barron’s.

Foi um ano de desvalorização para praticamente todos os segmentos de vinhos nobres, com uma desvalorização média de 13%. Mas a queda nos borbulhantes franceses foi a segunda mais acentuada entre os mercados acompanhados pela empresa londrina.

No índice são acompanhados os preços dos 13 champanhes mais negociados. No topo da lista estão o Dom Pérignon 2013, da Moët Hennessy, e o Cristal 2015, da Louis Roederer.

Entram na conta exclusivamente – évidemment – os espumantes produzidos na região de Champagne. Apenas 318 villages dessa área possuem o direito de classificar os seus vinhos como sendo um legítimo champanhe.

A demanda pós-Covid, graças à retomada de eventos e comemorações, inflou repentinamente a demanda desses vinhos – e os preços dispararam. O índice de preços acumulou uma valorização de 91,5% entre abril de 2020 e outubro de 2022.

Agora os champanhes estão revertendo em parte a embriagante disparada dos anos anteriores.

“Como ocorre frequentemente, as grandes altas costumam ser seguidas pelas quedas mais intensas,” Robbie Steves, corretor da Liv-ex, disse à Barron’s.

Uma caixa com seis garrafas de um Dom Pérignon 2012 sai hoje por US$ 2.000, num recuo de cerca de 20% ante o pico registrado em novembro do ano passado. Ainda assim, segue ligeiramente acima do valor de sua chegada ao mercado, em setembro de 2021, quando a caixa saía a US$ 1.840.

A tendência de queda também foi registrada pela plataforma de leilões francesa iDealwine.

O preço médio das brut sans année – as garrafas ‘de entrada’ das marcas nobres – recuou de € 259 para € 230 ao longo do ano.

A queda reflete a diminuição na efervescência desse mercado, relata o site The Drinks Business.

Nos 12 meses encerrados em outubro, as vendas de champanhe caíram 9,6%, segundo dados do Comité Interprofessionnel du Vin Champagne. Mas o volume de compras ainda segue acima dos anos pré-Covid.

Os champanhes tinham subido rápido demais e agora veio a ressaca. Nem mesmo os vinhos mais exclusivos escapam dessa dor de cabeça – mas, nesse caso, não será algo a ser lamentado pelos seus apreciadores.

Santé!