No maior desafio à tentativa da Kroton de tomar o controle da empresa, o conselho de administração da Estacio subitamente substituiu o CEO pelo maior acionista da empresa.
Rogério Melzi, o ex-executivo da Ambev responsável pelo ‘turnaround’ da Estácio, cedeu sua cadeira a Chaim Zaher, um ‘self-made man’ que fez carreira e fortuna em educação e é dono de 14,2% do capital da Estácio.
“O conselho assumiu a Estácio, e essa empresa não vai ser alvo de ninguém porque ainda tem muito que crescer,” resumiu uma fonte no conselho.
Com a troca de comando, aumentam as chances de que a Estácio faça uma aquisição, como, por exemplo, uma operação que envolva a Uniasselvi.
A eleição de Chaim sugere uma de duas hipóteses: ou ele não é vendedor de suas ações, como tem dito a pessoas próximas, ou foi para o comando da empresa para maximizar o valor da Estácio numa negociação com a Kroton.
No mercado, espera-se que a Kroton faça uma oferta suculenta aos acionistas da Estácio, situação em que Chaim poderia facilmente ser voto vencido. Agora no comando da empresa, a expectativa é de que o empresário dê à Estácio uma nova narrativa. Nos próximos dias, o novo CEO deve argumentar aos acionistas que a Estácio está muito barata, e vale “pelo menos o dobro de sua cotação em Bolsa”, segundo uma pessoa com acesso a ele.
A Estácio tem metade dos alunos da Kroton, mas vale apenas um quarto da concorrente na Bolsa.
Uma fonte da Estácio disse que a troca aconteceu pela necessidade de mostrar aos investidores que a Estácio tem potencial como empresa independente, e que não precisa ser vendida para a Kroton para gerar valor.
O CFO da Estácio, Pedro Thompson, e o conselheiro João Cox passaram a semana passada em Nova York visitando grandes acionistas. Ouviram que a administração anterior estava fragilizada e que o clima favoreceria uma venda para a Kroton. “Era preciso dar uma resposta rápida,” disse uma fonte.
Depois de vender parte de seu grupo educacional à Pearson por 613 milhões de reais, Chaim entrou na Estácio em 2013, quando vendeu a UniSEB para a companhia por 615,3 milhões de reais, metade dos quais foram pagos em ações, dando a Chaim 6% do capital da Estácio. Dias depois, comprou um bloco de ações da GP Investimentos e aumentou sua participação na empresa. Mais tarde, comprou outros lotes na Bolsa.
Em tempo: Rogerio Melzi e Chaim Zaher foram vistos jantando juntos, agora há pouco, no Parigi, em São Paulo. Um tomava vinho; o outro, um whisky.