A Equatorial Energia comprou a Companhia de Energia do Piauí (Cepisa), no primeiro dos seis leilões das distribuidoras que serão vendidas pela Eletrobras.

A empresa deu o lance único.

O que seria um pequeno passo para qualquer outra empresa é um passo relevante para a Equatorial: a Cepisa é vizinha da Cemar, no Maranhão, também controlada pela Equatorial, o que vai gerar sinergias significativas.  A empresa também controla a Celpa, no Pará.

O índice combinado — que mistura redução da tarifa e o pagamento da outorga — foi de 119%, o que implica em zerar a chamada ‘bolha tarifária’ e pagar R$ 95 milhões de outorga. (A bolha tarifária é uma tarifa inflada estabelecida pela Aneel para viabilizar a venda das concessões.) 10291 839cecde 002d 0059 09e1 c8172e533b0a

No mercado, a aquisição veio como uma surpresa. Até pelas sinergias, os investidores esperavam que a Equatorial fizesse uma oferta — mas não que fosse a única. 

O mercado também esperava um lance da Neoenergia — que foi bastante agressiva na briga pela Eletropaulo, apesar de ter sido vencida pela Enel — e também tem sinergias com a Cepisa por conta de suas concessões na Bahia e em Pernambuco. 

“A Equatorial também esperava outros lances. Bidou com desconto num leilão que só teve ela”, disse um gestor. Por volta das 11h15, a Equatorial sobe mais de 4% na B3.

Esta é a primeira aquisição da Equatorial desde que perdeu o Grupo Rede para a Energisa em 2014.

Em nota aos clientes, a equipe do Itaú afirma que ‘acharia prudente’ a Equatorial fazer um aumento de capital para calibrar seu endividamento após a aquisição. “Porém, entendo que ela vai esperar para ver se leva mais alguma disco para calibrar a magnitude”, escreveu o analista Pedro Manfredini. 

Segundo ele, como as aquisições miram uma taxa interna de retorno na casa dos 20% — acima dos 10% a que o papel negocia atualmente —, essa diluição seria positiva para o minoritário. 

Num país historicamente resistente à ideia de privatização — mesmo quando os ativos à venda geram prejuízo ao Estado — o leilão de hoje é uma pequena mas importante vitória para a Eletrobras, que começa a se livrar do ônus das distribuidoras, e para seu CEO, Wilson Ferreira Júnior, que tem resistido à pressão de políticos e sindicalistas que se opõem à venda das empresas.

Apesar disso, o lance único naquela que era considerada a distribuidora menos problemática da Eletrobras trouxe algum ceticismo em relação ao interesse pelas próximas que devem vir a leilão. As ações ordinárias da Eletrobras caem 3% e as preferenciais, quase 4%.