A Eneva anunciou a descoberta de um novo campo de gás que vai aumentar em mais de 10% as reservas totais da companhia, abrindo novas avenidas de crescimento tanto em suas usinas quanto na venda do gás liquefeito em pequena escala. 

O campo de Gavião Mateiro — que fica na Bacia de Parnaíba, no Nordeste — tem um gas in place estimado em 5,4 bilhões de metros cúbicos. (Desse total, cerca de 85% devem virar reservas, considerando o fator de recuperação médio da companhia). 

Antes da descoberta, a Eneva tinha reservas totais de 45 bcm, dos quais 29,5 bcm estão na Bacia de Parnaíba e 14,3 bcm no Complexo de Azulão.

A descoberta é relevante pelo tamanho, mas também porque destrava uma nova frente de crescimento em Parnaíba, disse um analista que cobre a empresa. 

“Toda a reserva descoberta em Parnaíba já estava praticamente toda comprometida, dependendo de como for o despacho das usinas nos próximos anos,” disse ele.

Com as reservas adicionais, eles “vão poder monetizar esse gás no B2B, como fizeram com a Vale e Suzano, fornecendo LGN em pequena escala ou com uma nova térmica a gás no leilão de capacidade.”

Lino Lopes Cançado, o COO que assumirá como CEO da Eneva em janeiro, disse ao Brazil Journal que “ainda tem muita área não explorada na Bacia de Parnaíba, e vamos continuar com essas campanhas num programa de exploração já definido para os próximos dois anos.”

A descoberta das reservas vai permitir que a Eneva habilite as usinas de Parnaíba I e III para a recontratação de energia nos leilões do ano que vem. Nessas duas usinas, os contratos de venda de energia vencem em 2027. 

“Para habilitar esses projetos para participar dos leilões, precisamos comprovar que temos o combustível. Com essas reservas, já podemos habilitar as duas usinas,” disse ele.

As outras usinas de Parnaíba — a II, IV, V e VI — têm contratos mais longos, com vencimentos em 2036, 2042, 2048 e 2049, respectivamente.

As reservas adicionais também abrem espaço para a Eneva expandir seu fornecimento de LNG em pequena escala. Nesse modelo, o gás passa por um processo de liquefação e depois é transportado em caminhões criogênicos até grandes empresas que operam na região. A companhia já fechou contratos de fornecimento com a Vale e Suzano.

“Agora, podemos expandir o contrato com essas duas empresas ou fechar novos contratos com empresas da região,” disse o CFO Marcelo Habibe. “Já estamos prospectando alguns potenciais clientes.”