Carlos Brito Os maiores bancos do mundo foram convocados a formar um clube — um sindicato, no jargão do mercado — para oferecer 60 bilhões de dólares em financiamento para uma grande empresa interessada em fazer uma mega aquisição na Europa.

A notícia, publicada como “rumor” pelo Financial Times na noite de ontem, fez as ações da cervejaria SABMiller subirem 5,27% na Bolsa de Londres hoje.

A empresa é o alvo mais provável de uma oferta de aquisição por parte da Anheuser-Busch InBev (ABI), a empresa que controla a Ambev e é, por sua vez, controlada por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

O mercado de dívida bancária é a barriga onde são gestadas as grandes operações de fusão e aquisição. Os bancos com grandes balanços — os JP Morgans e Citibanks do mundo — são os primeiros a receber a ligação do CFO da empresa compradora. Uma vez que o financiamento esteja assegurado, a empresa está livre para apertar o gatilho e tornar pública a oferta.

SAB-Miller-BRANDS

Para os acionistas da Ambev, a grande dúvida é se a ABI vai usar o balanço da Ambev para ajudar a financiar a aquisição.

É fácil de entender: a Ambev hoje tem dívida líquida igual a zero. Ou seja, ela poderia assumir alguma dívida para comprar, por exemplo, uma parte preciosa do império da SABMiller: a operação da SAB na Colômbia, onde ela tem impressionantes 98% de market share.  A questão relevante, aqui, vai ser o preço da Colômbia para a Ambev.

A SABMiller fechou o dia valendo US$ 93 bilhões de dólares. Assumindo que seu maior acionista — a Altria, dona de 26% da empresa — aceite receber ações da ABI, a parte da transação que teria que ser paga em dinheiro seria de cerca de 69 bilhões de dólares. (Isso, se a ABI conseguir levar a empresa a preços de mercado.) Apenas para comparação, a ABI, comandada por Carlos Brito, vale 183 bilhões de dólares na Bolsa.

falamos aqui sobre os méritos (e os obstáculos) deste casamento . Pelo jeito, os convites já estão na gráfica.