Empresários de todo o Brasil estão se mobilizando para aliviar as consequências sociais e humanas que a paralisação da economia já está tendo nas comunidades mais carentes.

As iniciativas começaram a ganhar corpo nos últimos dias e envolvem doações para novos leitos de UTI e assistência a famílias que ficaram sem renda com o ‘lockdown’ da economia.

A XP anunciou hoje que está doando R$ 25 milhões para alimentar mais de 100 mil famílias pelos próximos três meses. 

Batizada de “Juntos Transformamos” — e feita em parceria com as ONGs Gerando Falcões, Amigos do Bem e Visão Mundial — a iniciativa também pede o engajamento da sociedade civil para aumentar o valor final.

A situação nas favelas está chegando num nível dramático. Edu Lyra, o fundador da Gerando Falcões, disse ao Brazil Journal que já há famílias passando fome nas comunidades. 

10328 13de6345 8418 0004 0057 f6ea4e8895b9“Essas iniciativas são louváveis, mas se não tiver uma ação concreta do Governo para ajudar as favelas vai haver uma hecatombe geral nos próximos dias… vai ter fome generalizada e vamos perder o controle da ordem social,” disse ele. “Metade dos moradores nas favelas são autônomos, o cara literalmente vende o almoço pra comprar a janta.”

“Não estou falando que temos que sair do isolamento, mas vamos dar a infraestrutura para o povo pobre passar por isso sem morrer de fome. Senão vamos salvar as pessoas do vírus, mas matar os pobres de fome.”

Um grupo de empresários incluindo Jorge Paulo Lemann, Abilio Diniz, Olavo Setúbal Jr., David Feffer e Pedro Bueno uniu esforços para criar um fundo de auxílio a famílias. 

Os empresários se comprometeram a fazer doações por um período de três meses para botar comida na mesa de 60 mil famílias em 52 comunidades — entre elas, o Capão Redondo e a Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo, e o Complexo do Alemão, no Rio. (As doações serão entregues por meio de um cartão refeição).

No final da tarde, a Gerando Falcões recebeu mais R$ 2,8 milhões em alimentos da MRV, Banco Inter, Localiza e Banco BMG para comunidades da Grande Belo Horizonte.

Um estudo feito pelo Instituto Data Favela mostrou que 32% dos moradores de favelas não teriam condições de comprar itens básicos, como alimentos, depois de apenas uma semana de confinamento sem receber renda. 

“Todas essas doações que os empresários estão fazendo tem caráter paliativo apenas, e servem mais para a gente testar a logística de entrega, o que funciona e o que não funciona,” diz um empresário envolvido nos esforços. “Mas depois que entendermos a melhor forma de ajudar, aí tem que entrar o Governo com dinheiro pesado e capacidade de execução.”

Numa ação conjunta liderada diretamente por seus CEOs, Itaú, Bradesco e Santander estão doando 5 milhões de testes rápidos de coronavírus para o Ministério da Saúde, além de equipamentos médicos como tomógrafos e respiradores.

Em Minas Gerais, a família Menin (controladora da MRV, Banco Inter, Log e CNN Brasil) está doando R$ 10 milhões para a compra de respiradores. O objetivo é comprar 850. Como cada um custa R$ 65 mil, o total que precisa ser levantado é R$ 55 milhões. Outros empresários do estado, sob coordenação da FIEMG, estão botando a mão no bolso para fazer a conta fechar.

A Ambev, em parceria com a Gerdau e o Hospital Albert Einstein, está construindo um hospital em Mogi das Cruzes com cerca de 100 leitos de UTI.

No Rio, o grupo de empresários que uniu esforços para a construção de 50 leitos de UTI na cidade já bateu a meta e agora consegue fazer 60 leitos. O grupo continua buscando doações para investir em benfeitorias na emergência do hospital e na compra de equipamento de proteção para os profissionais da saúde.  

Qualquer contribuição pode salvar uma vida.

COMO DOAR

Doações para o “Juntos Transformamos” podem ser feitas neste link.

Doações para o Gerando Falcões, neste link.