Discretamente, mas de forma deliberada, o ASA de Alberto Safra já levou cerca de 50 funcionários de diversas áreas do Banco ABC Brasil, a maioria profissionais sêniores, esvaziando inclusive agências regionais do ABC, pessoas a par das movimentações disseram ao Brazil Journal

As contratações incluem dois executivos do alto escalão do ABC: Antonio Sanchez, que era integrante do comitê executivo e VP comercial do ABC desde 2018; e Gustavo Bellon, o managing director de DCM que estava há 11 anos no banco. Os dois executivos estão cumprindo garden leave

As contratações – que ocorreram ao longo deste ano – visam reforçar as áreas comercial e de crédito da ASA e foram efetivadas com propostas agressivas de remuneração, que incluíram luvas variando de R$ 1 milhão a R$ 9 milhões, dependendo do nível do profissional. 

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A investida incomodou o ABC, que passou a oferecer pacotes de retenção a seus funcionários mais relevantes – mas em boa parte dos casos o ASA cobriu os pacotes. 

A perda de talentos “mostra que o ABC, apesar de ser reconhecido como um celeiro de talentos, nunca esteve entre os melhores pagadores do mercado,” disse uma das fontes. “O banco não tinha contratos de retention, nem com pessoas-chave das áreas. Historicamente, o ABC perde muita gente.” 

Para outra fonte, “há um distanciamento grande entre a cúpula e as demais áreas do banco. O ASA percebeu isso e enxergou uma oportunidade.” 

O número de funcionários perdidos é uma fração do headcount total do ABC, que segundo as fontes triplicou de tamanho nos últimos anos e hoje conta com cerca de 1.500 colaboradores. “O banco cresceu muito, muito rápido e os profissionais não cresceram junto com o banco.” 

O ABC atua em large, corporate e middle market, e também tem verticais dedicadas ao agro e ao setor imobiliário. O CEO Sergio Lulia Jacob está no cargo desde 2021 – ele começou a trabalhar no banco em 1991 e desde 1997 faz parte do comitê executivo que comanda a instituição e tem 8 integrantes. O ABC Brasil é controlado pelo Arab Banking Corporation (Bank ABC), uma instituição financeira com sede no Bahrein. 

O banco, que fez seu IPO em 2007, hoje vale R$ 3 bilhões na Bolsa e negocia a cerca de 8 vezes o lucro estimado para o ano que vem, e a 0,9x book.    

O ASA, que iniciou como uma asset, tem feito várias contratações para expandir sua operação desde que a família Safra chegou a um acordo em relação à herança de José Safra em julho do ano passado.

Desde então, Alberto Safra criou áreas de private, wealth e empresas, esta última com foco no middle market. Em agosto, o ASA obteve do BC a licença para operar como financeira, o que lhe permite emitir Letras de Câmbio, Recibos de Depósitos Bancários (RDB) e Depósitos Interfinanceiros (DI). 

O ABC e o ASA não quiseram comentar.

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