A Allos, a maior proprietária e administradora de shoppings do Brasil, disse que vai triplicar sua distribuição mensal de dividendos a partir de dezembro, atingindo um dividend yield anual de cerca de 14%.

Desde o fim de 2024, a companhia já vinha pagando dividendos mensais ao redor de R$ 50 milhões, ou R$ 0,10 por ação.

Agora, passará a pagar cerca de R$ 150 milhões por mês, ou cerca de R$ 0,30 por ação. 

“Queremos realavancar o balanço para um limite próximo a 2x EBITDA, até por uma questão de eficiência tributária. Como vamos ter um capex muito baixo em 2026 e nossa ação já reagiu, o melhor uso do capital é a distribuição de dividendos,” o CEO Rafael Sales disse ao Brazil Journal.

Rafael Sales

Junto com o guidance dos dividendos – que a Allos disse que vão ficar entre R$ 0,28 e R$ 0,30 por ação por mês – a companhia também passou uma projeção para o capex do ano que vem.

A estimativa é investir entre R$ 350 milhões e R$ 450 milhões em 2026, em comparação aos R$ 450-R$ 550 milhões que ela investiu este ano. O montante é menos da metade do que a companhia já investiu em seu pico. 

Antes da fusão entre a BR Malls e a Aliansce Sonae, que deu origem à Allos, as duas companhias investiam somadas ao redor de R$ 850 milhões por ano. 

O dividend yield da Allos posiciona a companhia como a maior pagadora de dividendos entre as empresas de shopping listadas – e com bastante folga.

A Multiplan paga ao redor de 4% de yield, enquanto a Iguatemi tem um yield de menos de 1%.

O DY da Allos também coloca a companhia com uma distribuição superior à de muitos fundos imobiliários de shoppings. O XP Malls, o maior FII de shoppings, por exemplo, tem um dividend yield ao redor de 11%.

O aumento nos dividendos veio junto da divulgação dos resultados do terceiro trimestre da companhia, que reportou um crescimento de 5,5% das vendas e de 6% das receitas. Os custos com a operação dos shoppings caíram 8% no tri, enquanto as despesas da holding ficaram flat, levando o EBITDA a crescer um pouco mais, em 7%.

Já o FFO – o indicador que é equivalente ao lucro dos shoppings – cresceu 3% para R$ 304,5 milhões. O FFO por ação, por sua vez, cresceu 9%, já que a companhia recomprou e cancelou ações no período. 

“Não é um crescimento extraordinário. É um crescimento moderado. Mas é algo relativamente bom considerando o nível de juros, a alavancagem das famílias e o acesso mais restrito ao capital dos lojistas,” disse o CEO. “É justamente isso que leva a gente a não querer fazer novos investimentos grandes agora, ainda mais depois de fazer uma consolidação tão grande como a que fizemos.”

A Allos fechou o trimestre com uma alavancagem de 1,7x EBITDA. Segundo o CEO, essa métrica cairia para cerca de 1,3x no final de 2026 se a companhia mantivesse o mesmo nível de distribuição de dividendos que vinha fazendo, dada a forte geração de caixa do negócio. 

Logo após a fusão, a alavancagem estava em 2,4x, mas ela caiu significativamente nos últimos anos com o desinvestimento de 13 ativos, que injetou R$ 2,5 bi no caixa, bem como a geração de caixa operacional. 

Sales disse que o plano é manter a alavancagem ao redor de 2x, dada a perspectiva de queda de juros. 

“Diminuímos muito o endividamento num momento em que a Selic estava subindo, e agora queremos realavancar num momento de queda dos juros,” disse ele.

A ação da Allos fechou hoje a R$ 27,09, na máxima dos últimos 12 meses. O papel negocia a um múltiplo preço/FFO de 10x, em comparação a 11,5x do Iguatemi e 12,1x da Multiplan.

A Allos vale R$ 13,6 bilhões na Bolsa.