A EDP está propondo fechar o capital da EDP Brasil — um movimento que tiraria a empresa de geração, distribuição e transmissão de energia da Bolsa quase 20 anos depois do IPO.
A empresa portuguesa controla a EDP Brasil com 56,05% do capital. O free float é de 41,3% e o restante das ações está em tesouraria.
A EDP está oferecendo pagar R$ 24 por ação, um prêmio de 22,3% em relação ao fechamento de ontem, a R$ 19,63.
O preço da oferta é também 6% superior ao all time high da ação (ajustado pelos dividendos), que foi atingido em agosto do ano passado. Ele é também 9% acima do teto do laudo feito pela Ernst & Young, que avaliou a empresa num range de R$ 20,20 até R$ 22,09.
A decisão de fechar o capital da EDP Brasil não tem a ver com o preço da ação — que oscila pouco dado o caráter defensivo do papel, que é muito comprado por investidores em busca de dividendos.
O objetivo com o movimento é basicamente ter mais flexibilidade para alocar capital no Brasil a um custo sensivelmente menor, uma fonte próxima a empresa disse ao Brazil Journal.
Com a NTN-B negociando a cerca de 6%, ficou caro tomar dívida no Brasil. Ao fechar o capital, a EDP poderá tomar uma dívida em euro a 4%, por exemplo, e investir no Brasil com uma TIR muito maior do que ela teria na Europa, ganhando nesse spread.
Para que a oferta vá adiante é preciso que dois terços do free float presentes no leilão aceite vender suas ações.
A data do leilão ainda não foi definida, e deve demorar mais alguns meses até que ele possa ser chamado.
Hoje, o free float da EDP Brasil é extremamente pulverizado, sem nenhum acionista com mais de 5% do capital. Os maiores são gestoras estrangeiras como a Nordis e a Vanguard, que têm cerca de 2% do capital cada.
Há ainda milhares de acionistas pessoa física.
Se todo o free float decidir vender, a operação vai movimentar R$ 5,7 bilhões.
A OPA vem num momento em que diversas outras operações de fechamento de capital tem pipocado no mercado. Recentemente, houve ofertas para fechar o capital da Boa Vista, Burger King Brasil e da BR Properties.
O BTG Pactual e o Morgan Stanley são os assessores financeiros da EDP.
O Mattos Filho é o assessor legal.