A Mevo — a startup de prescrição digital de medicamentos e exames — acaba de levantar uma rodada de R$ 110 milhões, fortalecendo seu caixa num momento de forte expansão do negócio.
A Série B foi feita praticamente inteira pela Matrix, uma gestora de São Francisco fundada em 1977 e um dos primeiros investidores da Apple, FedEx e do Canva.
É a primeira vez que a Matrix investe numa startup no Brasil.
A Matrix colocou 95% dos R$ 110 milhões, e o restante veio do Jefferson River Capital, o family office de Hamilton James, o ex-presidente da Blackstone e atual chairman do Costco.
A rodada vem oito meses depois da Mevo ter levantado outros R$ 21 milhões numa pre-Series B feita pelos investidores que já estavam no cap table da startup, uma lista que inclui a americana Floating Point.
“É uma grande conquista fechar essa Série B depois de termos passado por momentos difíceis,” o cofundador Pedro Dias disse ao Brazil Journal. “Acho que conseguimos sair melhor e mais preparados para essa nova fase.”
Segundo ele, os recursos da rodada “são mais do que suficientes” para permitir que a startup chegue ao breakeven.
“Ficamos muito tempo sem faturar, só montando a infraestrutura de prescrição eletrônica, e tínhamos que passar pela dinâmica de fundraising todo ano, para conseguir dar o próximo passo. E essa é uma dinâmica muito desgastante para os founders,” disse ele.
“Com esses R$ 110 milhões, temos dinheiro para conseguir pensar na próxima década da Mevo.”
Fundada em 2017 por Pedro e Lucas Lacerda, a Mevo criou um sistema de prescrição digital de medicamentos e exames que já é usado por quase 1.000 hospitais, incluindo gigantes como a Rede D’Or, Kora Saúde e Oncoclínicas.
Este ano, a Mevo deve emitir prescrições para mais de 10 milhões de pacientes.
Os hospitais não pagam nada para usar a prescrição digital da Mevo, que passou a monetizar sua base só em 2022, quando lançou um marketplace de medicamentos.
Quando o cliente recebe a receita no celular, ele pode clicar no botão de ‘comprar’, dar o ‘opt in’, e acessar uma página com a oferta dos medicamentos.
A Mevo vende tanto produtos de sua própria farmácia digital – a Mevo Farma, que opera no modelo 1P – quanto de terceiros. Para vender os produtos da Mevo Farma, a startup mantém um centro logístico em São Paulo, de onde despacha os medicamentos.
A Mevo não abre quanto fatura com o marketplace, mas Pedro disse que a receita deve crescer 133% este ano.
A startup opera com o marketplace em todo o Brasil, mas entrega os medicamentos em até 4 horas apenas no Sul e Sudeste. O plano agora é levar esse mesmo nível de serviço para o Norte e Nordeste.
A Mevo também vai usar os recursos da rodada para atrair novos hospitais e crescer sua solução B2C, lançada recentemente e que permite que qualquer médico (mesmo não vinculado a um hospital) tenha acesso ao software da empresa.
Pedro diz que o potencial é relevante: existem 5.000 hospitais no Brasil, e mais de 500 mil médicos.
“Tem muito espaço para crescer ainda, e esse dinheiro compra tempo para continuarmos essa expansão,” disse Pedro. “Vamos crescer mais nosso time e continuar protegendo nossa posição no setor.”
A principal concorrente da Mevo é a Memed, adquirida pela DNA Capital, da família Bueno, em 2021. Na época, a DNA investiu R$ 300 milhões na startup, dando saída a todos os investidores e injetando recursos no caixa.
A Memed atua com a mesma estratégia da Mevo: oferece seu sistema de prescrição de medicamentos de forma gratuita para hospitais e médicos, e se remunera com um marketplace de medicamentos e exames.
Outro plano da Mevo com a rodada é criar uma vertical voltada para a indústria farmacêutica. A Mevo quer desenvolver uma solução para aumentar a adesão do paciente com o tratamento, criando uma experiência de compra personalizada para seus clientes do marketplace e oferecendo descontos em parceria com as indústrias.
A startup também quer ajudar as indústrias a se conectarem com os médicos, funcionando como um complemento ao representante médico.
Para liderar essa frente, a Mevo contratou Sylvia Campos, que fundou a Azimute Med, que atuava com o suporte ao paciente e foi comprada pela Viveo em 2022.