A corretora do BTG Pactual vai ofertar hoje no final do pregão 14,45 milhões de units do Banco Inter (BIDI11).
A operação está estruturada como uma venda direta — ou seja, já existe um comprador do outro lado — sujeita à interferência do mercado.
Como sempre ocorre nestes casos, não se sabe quem é o vendedor, mas o lote à venda equivale a cerca de metade da posição que o fundo FIA Ponta Sul IE tinha no Inter até antes da crise. Dados públicos mostram que o fundo — o segundo maior acionista do Inter depois da família Menin — tinha cerca de 28 milhões de units do Inter.
“Ele pode estar vendendo para um terceiro ou passando a posição à vista para um swap,” disse um analista que acompanha o papel.
Nos piores dias de queda do mercado, o Ponta Sul foi forçado a liquidar posições, incluindo Petrobras, MRV, Alpargatas e Eneva.
Com relação ao Inter, os dados mais recentes mostram que a posição do Ponta Sul equivale a 12% do capital total do banco (16,5% das PNs e 7,7% das ONs).
Como o Ponta Sul ainda não anunciou haver cruzado o patamar de 15% das PNs para baixo, isso sugere que, se houve venda até agora, ela não foi substancial.
Depois de atingir um pico de R$ 5,6 bilhões em ativos sob gestão em janeiro, o Ponta Sul — que opera alavancado — implodiu em março e hoje administra cerca de R$ 630 milhões.
O leilão de hoje vem logo após o Inter ultrapassar a marca de 5 milhões de correntistas e bater um novo recorde de abertura de contas no primeiro trimestre, com 890 mil novas contas.
As novas contas abertas em março — 14 mil por dia útil — mostram que o ritmo não está arrefecendo. No quarto trimestre, haviam sido 13 mil por dia útil, e em março de 2019, 8.500.
O Inter disse que agora é o principal banco para mais de 40% de seus clientes ativos.
Metade da base — 2,5 milhões de clientes — mantinha algum saldo em conta no primeitro trimestre, com saldo médio de R$ 1.049.
O indice de venda de produtos — o chamado Cross Selling Index (CSI) — mostra um aumento da recorrência do cliente. Cada cliente do Inter usou 2,73 produtos no trimestre, contra 2,59 no mesmo período do ano passado.
Cerca de 12% da base de clientes do Inter — 601 mil clientes — já tem algum produto de investimento do banco ou de terceiros (como fundos de ações).
No início do mês, a Mastercard fez uma parceria de 10 anos para exclusividade nos cartões do Banco Inter. A Mastercard pagará uma taxa de exclusividade, que o banco não pode divulgar por contrato, mas que começará a ser apropriada no resultado do primeiro trimestre.
A transação sugere que o Inter pode gerar outros acordos deste tipo à medida que sua plataforma ganhar escala — por exemplo, fazendo acordos de exclusividade nos diversos verticais dentro de seu super app, obtendo uma remuneração B2B.