O Inter acaba de anunciar Alexandre Riccio como seu novo CEO para o Brasil, um cargo que até agora estava sendo acumulado pelo fundador João Vitor Menin, que continuará como o CEO global do banco.
Riccio está há 11 anos no Inter, tendo liderado todas as principais áreas do banco. Seu cargo mais recente era de vice-presidente senior, à frente do banco de varejo.
Antes ele liderou as áreas de tecnologia, operações, finanças e crédito.
“O Xande [seu apelido no banco] sempre foi o meu braço direito, o meu grande parceiro nessa jornada, nesses anos frenéticos de construção do Inter,” João Vitor disse ao Brazil Journal. “Agora ele vai ser meu braço direito e esquerdo.”
Os dois se conhecem desde os tempos da UFMG, onde cursaram juntos a faculdade de engenharia civil.
Depois de se formar, Riccio empreendeu: fundou uma empresa de nutrição esportiva que durou alguns anos. Depois foi trabalhar na Gerdau nos Estados Unidos, onde ficou cinco anos.
Quando voltou ao Brasil, depois de um MBA na Kellogg’s, Riccio foi trabalhar no BCG — até que seu antigo colega de faculdade lhe chamou, em 2013, para ajudar com o projeto do Inter, que ainda não tinha migrado para o modelo de banco digital.
“Somos muito próximos e muito alinhados,” disse Riccio. “Eu sei muito bem como o João pensa e ganhamos com isso, porque conseguimos alinhar os pontos mais sensíveis muito rápido. E comigo assumindo o Brasil, conseguimos deixar o João mais livre para pensar na estratégia e garantir que vamos ficar na fronteira da tecnologia e inovação.”
João Vitor está morando em Miami, de onde toca a operação internacional do Inter junto com o CFO Santiago Stel, e o CTO Guilherme Ximenes.
O empresário disse que o Inter está desenvolvendo sua operação nos EUA, e que para fazer isso é preciso estar presente.
“O regulatório é diferente, o tecnológico é diferente,” disse ele. “Mas eu falo muito que o desenvolvimento dessa agenda americana não é pensando só no mercado americano. Também é, mas é pensando no produto global do Inter, que depois outros vão poder usar.”
A promoção de Riccio vem num momento em que o Inter está focado em entregar seu guidance para 2027, uma visão estratégica que o banco batizou de ‘60/30/30’, já que o objetivo é chegar a 60 milhões de clientes e ter um ROE de 30% e um índice de eficiência também de 30%.
Riccio disse que sua missão é “ajustar as engrenagens simultaneamente para aumentar nossa capacidade de entrega e de crescimento.”
“Isso tem muito a ver também com trazer pessoas, promover pessoas e desenvolver pessoas para desafios cada vez maiores,” disse ele.
Sobre a expansão do crédito, o novo CEO Brasil disse que para chegar nos R$ 100 bilhões de carteira em 2027, uma parte importante do crescimento virá dos novos produtos (não-colateralizados) que o Inter lançou recentemente como o pix no crédito, o boleto no crédito, o saque no crédito, o cheque especial e o buy now pay later.
“Esses cinco produtos estão com uma boa agenda de crescimento e devem contribuir cada vez mais para a entrega do guidance.”
Hoje, o Inter tem uma carteira de crédito de R$ 35 bilhões, com 30% em crédito imobiliário, 20% em consignado, 20% em PMEs, e o restante em cartão de crédito e produtos não-colaterizados.
Riccio disse que a carteira em 2027 deve ter uma participação um pouco maior dos produtos sem colateral.
Para João Vitor, a promoção de Riccio é simbólica do momento que o Inter passa hoje.
“Sabe quando você olha todo dia para o seu filho, até que um dia você olha de novo e se assusta com o quanto ele cresceu? Com o Inter, eu sinto isso. E com o tamanho que o banco tomou, precisamos cada vez mais de pessoas capazes assumindo mais responsabilidades.”