Em duas cartas que discorrem sobre a Suzano e o mercado de celulose, a Dynamo diz que a companhia — com sua cultura de dono, ímpeto empreendedor, DNA de pesquisa e inovação — pode ser vista tanto como um misto de ‘utility’ e ‘tech’, além de oferecer um seguro para uma parte de seu portfólio.
Diferentemente de outras commodities de consumo cíclico, “a Suzano centenária, produtora de menor custo de uma matéria prima agroindustrial empregada na fabricação de bens de consumo, com baixa volatilidade da demanda final, diferente de outras commodities de consumo cíclico, comporta-se como uma utility despachada na base.”
Para a Dynamo, essa competitividade estrutural, com uma diversificação única de sua base florestal, industrial e logística, garante à companhia uma distância expressiva em relação aos produtores marginais na curva de custos da indústria.
“Mesmo nos piores momentos dos ciclos de baixa do preço da celulose, como ao longo do ano passado, a Suzano é capaz de gerar resultado operacional positivo,” diz a carta.
A gestora continua dizendo que a Suzano pode se dar ao luxo de operar sem restrições de capacidade, empurrando o dilema da calibragem da oferta para o produtor de maior custo marginal.
Além disso, com uma plataforma do biorrefino, apoiada em pesquisa de ponta e inovações tecnológicas, a companhia tem uma “posição peculiar de vanguarda estratégica” em segmentos de mercado promissores.
“Sob este olhar, a Suzano se apresenta tal qual um ecossistema de startups, um projeto empresarial contemporâneo debruçado no futuro. Utility e tech, binômio que nos parece auspicioso,” diz a Dynamo.
Em termos de valuation, a Dynamo trabalha com um preço de referência de longo prazo da celulose de US$ 550/ton. E diz que, mesmo considerando preços ainda mais conservadores, encontra uma taxa interna de retorno real “acima de dois dígitos em dólar.”
Nessa conta, a gestora não atribui qualquer valor “às rotas promissoras da plataforma de inovação,” que ela ainda trata nesse como opcionalidades.
A gestora carioca tem cerca de 2% da Suzano e diz que a empresa, por ser voltada para o mercado externo, é um “seguro” para parte de seu portfólio nestes “tempos confusos.”
“Devemos atravessar um período especialmente turbulento no cenário interno, com a antecipação das campanhas eleitorais, aumento dos ruídos políticos e instabilidade institucional que tornarão ainda mais expostas as disfuncionalidades do governo e desencontros entre os poderes”, diz a Dynamo.
Na segunda carta — também de oito páginas — a gestora faz uma análise da oferta e demanda no setor para explicar seu entendimento de que o mercado de celulose tem visibilidade suficiente para que um value investor se sinta confortável. A oscilação das commodities, que foge ao controle das companhias, costuma afastar investidores de longo prazo dessas companhias.