O fundador do dr. consulta, Thomaz Srougi, passou o dia-a-dia da gestão para o vice-presidente de operações Renato Velloso, o novo CEO da empresa.

10721 bedc27ee 8aab 599d 1449 0006f79f40ceThomaz vai para a presidência do conselho, onde vai se dedicar a estratégia e tecnologia, além de viajar frequentemente à China e outros países.

O anúncio foi feito quinta-feira aos funcionários.

Pessoas próximas ao dr. consulta disseram que Thomaz e os investidores chegaram a um consenso de que era hora de mudar o comando.  “A empresa cresceu muito e agora exige novas competências,” disse um investidor.  Velloso, que também é investidor na empresa, trabalha há 30 anos no mercado de saúde e foi um dos fundadores da Odontoprev.

Na trajetória de uma startup, é comum que os fundadores levem a empresa até certo ponto, e a partir dali um management profissional assuma o dia a dia.  Mas no caso do dr. consulta, essa transição natural acontece num momento em que a companhia ainda amadurece seu modelo de negócios.

O dr. consulta é uma plataforma de centros médicos que atende cerca de 1 milhão de usuários únicos em procedimentos de baixa complexidade. Ao longo dos últimos anos, a companhia aumentou consideravelmente seu componente tecnológico, mas ainda busca formas de escalar seu modelo de negócios com um unit economics rentável e empregando pouco capital — o que a faria valer potencialmente bilhões de reais.

Logo após a troca de comando, um email anônimo começou a circular dando conta de que a companhia não vai bater suas metas de crescimento e rentabilidade este ano. 

Velloso disse ao Brazil Journal que as afirmações não procedem. Ele disse que a empresa chegou ao breakeven em termos de EBITDA em agosto, espera geração de caixa positiva em 2020, e que a receita vai crescer cerca de 30% este ano. “Este é o nosso melhor momento de todos os tempos,” disse.

A lista de investidores do dr. consulta inclui a Kaszek Ventures; o LGT, o fundo de ‘social impact’ da família real de Liechtenstein; a Madrone Capital Partners (o family office da família Walton, controladora do Walmart); e os sócios da 3G, Carlos Alberto Sicupira e Jorge Paulo Lemann. 

No ano passado, a tentativa de levantar uma grande rodada de capital foi abortada depois que investidores institucionais não toparam o valuation proposto.  Os atuais acionistas injetaram mais capital via uma dívida conversível, e a companhia atraiu dois novos sócios de renome: José Galló e Nizan Guanaes.

No final do ano passado, sob pressão de investidores, o dr. consulta demitiu quase 80 funcionários num esforço para começar a gerar caixa. A companhia ficou mais enxuta, mas o êxodo massivo aumentou a percepção externa de problemas na cultura.  Ex-funcionários e fornecedores que trabalharam com o dr. consulta antes e depois dos cortes reportam uma cultura em que a liderança diz uma coisa de manhã e se desdiz à tarde e em que o tratamento pessoal frequentemente era rude.

Este ano, o dr. consulta desacelerou a abertura de novos centros médicos — de mais de 20 por ano para apenas quatro.

Quando começou, o dr. consulta era apenas uma rede de centros médicos que fazia consultas e exames, mas de lá para cá, a companhia está aumentando a tecnologia embarcada.

A partir de 2015/2016, a companhia passou a ter uma massa crítica de dados de pacientes e decidiu investir em gestão de saúde, criando programas de acompanhamento para pacientes crônicos.  Em 2018, passou a fazer um uso mais inteligente de sua rede ao dividir a cidade de São Paulo — seu maior mercado — em microrregiões, evitando assim que um morador da Zona Leste, por exemplo, tenha que viajar para ser atendido em outra área da cidade.

Finalmente, este ano, o dr. consulta fez uma parceria com a SulAmérica para integrar a rede virtual criada pela seguradora num novo plano de saúde, o Direto, que compete em proposta de valor com as operadoras verticalizadas.

 

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