A Marisa.Care — uma startup que cria agentes de inteligência artificial para ajudar na operação de hospitais — acaba de levantar uma rodada liderada pela Afya, a empresa de educação médica que hoje vale US$ 1,4 bilhão na Nasdaq.
A captação pre-seed, de R$ 8 milhões, também teve a participação de investidores-anjo, incluindo nomes do setor como o médico Paulo Chapchap, o ex-diretor do Sírio Libanês, Roberto Botelho, presidente da fundação Adib Jatene; e Sérgio Ricardo Santos, um ex-CEO da Amil.
Além de operar no SUS, a Marisa.Care atende 14 redes de hospitais privados no Brasil, e está entrando no México, onde já tem um primeiro cliente, a Hospitales MAC.
João Vitor Innecco, o fundador e CEO, disse ao Brazil Journal que vai usar os recursos da rodada para chegar ao breakeven no ano que vem, para crescer o time de tech e produto e turbinar a expansão geográfica.
“Acabamos de contratar o primeiro funcionário no México, que vai tocar a parte comercial, e parte relevante da rodada vai ser para crescer lá,” disse ele. “Um dos nossos produtos tem um fit muito grande com as dores do mercado mexicano, então achamos que tem uma oportunidade enorme.”
João disse que o mercado mexicano de saúde está cerca de cinco anos atrás do brasileiro, e só agora que os sistemas de marcação de consulta e agendas estão crescendo.
“É um bom timing para expandirmos nossa vertical de automações de mensagens e chamadas com IA,” disse ele.
A Marisa.Care tem três verticais principais. Na primeira, ela usa agentes de IA para automatizar o contato com os pacientes por meio de ligações e mensagens no Whatsapp.
Na segunda, os agentes de IA coletam e estruturam dados dos pacientes, interpretando sintomas, histórico familiar e prescrições para identificar riscos e ajudar na medicina preventiva.
Por fim, ela consolida todas as informações geradas pelos outros agentes e estrutura painéis estratégicos para ajudar os hospitais na gestão dos pacientes.
João fundou a Marisa.Care depois de uma experiência pessoal traumática: sua avó, chamada Marisa, faleceu de câncer de mama depois de um diagnóstico tardio da doença, que, segundo ele, ocorreu por uma deficiência na gestão das informações.
“Mesmo eu sendo médico e de uma família de médicos, perdemos o diagnóstico precoce da minha avó. Ela ficou sete meses sem fazer mamografia e, quando fez, apareceu um câncer já em estágio agressivo. Isso aconteceu porque não houve uma avaliação do gap de cuidado e rastreio dela. E quando ela fez o exame, ninguém olhou o resultado dela rápido para dar o atendimento. Com a Marisa.Care queremos orquestrar tudo isso.”
O investimento da Afya foi feito pelo corporate venture capital (CVC) da empresa, que investiu R$ 10 milhões nos últimos dois anos em startups como Caveo, Lean Saúde e Wellbe.
Marcos Coelho, o diretor de M&A e CVC da Afya, disse que a empresa busca startups de saúde que foquem em tecnologias que não estejam ligadas ao core business da Afya, que tenham grande potencial estratégico e financeiro no longo prazo, que solucionem dores reais da jornada do médico, e tragam ganhos de eficiência para o setor.
“A Marisa.Care preenche muitos desses pré-requisitos. Tem uma tecnologia validada, usa AI, tem uma proposta clara de melhorar a efetividade do cuidado na jornada do paciente e uma solução altamente escalável,” disse Coelho. “Também confiamos muito na visão do João e do time dele.”
Dona Marisa deve estar orgulhosa.