Nos últimos dois anos, a Diageo entregou um resultado espetacular — com a covid ajudando as vendas de bebidas alcoólicas em praticamente todos os mercados onde atua a dona do Johnnie Walker, da vodka Smirnoff e da cerveja Guinness, entre mais de 200 marcas.

Ainda assim, a ação da empresa, listada na Bolsa de Londres, se manteve estagnada na faixa de £ 35-40, o que causou um de-rating relevante.

O múltiplo preço/lucro comprimiu de 27x há dois anos para 21x hoje — abrindo um bom ponto de entrada no papel, na visão da Bernstein.

A casa de análise independente elevou sua recomendação para a Diageo de ‘neutro’ para ‘compra’ e disse que a empresa é uma das “melhores histórias de crescimento de longo prazo do setor global de consumo”.

A ação ficou de lado no pregão de hoje, a £ 35,72.

“Eles estão bem posicionados para lucrar com o crescimento estrutural de longo prazo do setor de bebidas alcoólicas nos EUA e têm um ‘momentum’ muito bom nos mercados emergentes (principalmente na América Latina e Ásia, mas também na África),” escreveram os analistas.

A Bernstein disse estar confiante de que a Diageo conseguirá entregar um crescimento orgânico acima do topo do range de seu guidance de 5% a 7%. 

A Bernstein aposta num CAGR de crescimento orgânico de 7,5% nos próximos três anos, com uma pequena expansão de margem. 

A Diageo também deve continuar com programas recorrentes de recompra, turbinando o lucro por ação — que na estimativa da Bernstein deve crescer 12% ao ano nos próximos três anos. 

“Em horizontes longos, a Diageo tem sido uma ótima ação para se ter. Ela performou 5% ao ano acima do MSCI Europe nos últimos dez anos, enquanto large caps comparáveis bateram o índice em 3% ao ano,” diz o relatório.

Nos últimos cinco anos, a companhia entregou um retorno total aos acionistas (com a valorização da ação e dividendos) de 52%, também acima do MSCI Europe (que subiu 30% no mesmo período).

A recomendação vem depois de anos muito fortes para o setor de bebidas alcoólicas como um todo — e para a Diageo em especial.

“Esperamos que o portfólio da Diageo cresça nos EUA a taxas médias históricas a partir dessa nova e ampliada base de clientes, ainda que admitamos que haja um risco de que as vendas caiam antes disso.”

Os analistas notaram ainda que a Diageo não é apenas os EUA, e que a Europa está com as vendas 26% acima do pré-pandemia, enquanto na América Latina as vendas estão 72% acima do pré-covid e o lucro está duas vezes maior. 

A companhia vale £ 80 bilhões. No Brasil, a empresa tem um BDR na B3 que negocia a R$ 50.