A ação da Dexco sobe quase 7% hoje depois que a companhia de louças sanitárias e painéis de madeira reportou um resultado acima das expectativas do mercado.
A Dexco — dona das marcas Duratex, Deca e Hydra — fez um EBITDA ajustado de R$ 376 milhões, 10% acima das projeções do BTG e 8,6% superior ao consenso Bloomberg, que projetava um EBITDA de R$ 346 milhões.
O resultado foi puxado pela vertical de louças e metais, que reportou um EBITDA de R$ 58 milhões — com boa parte vindo da Deca –, depois de ter feito apenas R$ 2,5 milhões no primeiro tri.
No quarto tri do ano passado, o resultado havia sido ainda pior, com um EBITDA negativo em R$ 35 milhões. No segundo e terceiro tri de 2023, o EBITDA também tinha ficado no vermelho.
“Ainda que as verticais de madeira e celulose solúvel continuem performando bem, consideramos os sinais positivos de um turnaround na unidade Deca como o highlight do trimestre,” escreveu o analista Leonardo Correa, do BTG.
A Dexco disse que o resultado da vertical de louças e metais foi favorecido pela melhora de mix e uma estrutura de custos “mais resiliente diante das ações estruturantes realizadas ao longo do ano passado.”
A operação de louças e metais da Dexco passa por dificuldades há pelo menos dois anos, com a companhia perdendo market share e rentabilidade — em parte por fatores macro, em parte por erros de gestão.
O JP Morgan também elogiou o resultado do trimestre, ressaltando que a Deca foi a principal surpresa positiva, com o EBITDA vindo 3x acima do que o banco estimava.
“Os bons números foram resultados dos esforços de reestruturação, que melhoraram o mix e baixaram os custos, que vieram 14,4% abaixo das nossas expectativas,” escreveu o analista Rodolfo Angele.
O destaque negativo, segundo ele, foi a divisão de revestimentos cerâmicos, que reportou uma margem EBITDA de apenas 2,6%, um ‘miss’ de 35% em relação à projeção do JP.
“Apesar dos volumes mais elevados, eles não foram suficientes para compensar a queda nos preços,” disse o banco.
Já a vertical de madeira — a maior da companhia — fez um EBITDA de R$ 319 milhões, uma queda de 27% na comparação sequencial e de 7% na comparação anual.
O Bradesco BBI notou que os preços realizados caíram 6% tri contra tri, enquanto o custo caixa subiu 5%, por conta de paradas de manutenção em algumas linhas de MDF.
Já os volumes caíram 1% tri contra tri e subiram 13% ano contra ano — abaixo do mercado, que subiu 21% no período, com a Dexco perdendo market share.
Com o resultado, o BTG reiterou sua recomendação de compra para a ação.
“Depois de diversos trimestres de downgrades nos lucros, já elevamos nossos números em 15% este ano e vemos hoje a ação negociando a 6x EBITDA,” escreveu o banco. “Acreditamos que um re-rating deve acontecer conforme o consenso convergir para as nossas estimativas.”
O BTG disse ainda que a ação da Dexco tem performado abaixo de diversas outras empresas domésticas e cíclicas, “o que achamos injustificado.”
“Estamos vendo perspectivas melhores para a demanda de materiais de construção no Brasil (principalmente painéis de madeira) e estamos mais confiantes na habilidade do management de fazer um turnaround na divisão de louças e metais — o que deve se traduzir num momentum de lucro nos próximos trimestres.”