A Descomplica — a plataforma de aulas de reforço e pré-vestibular online — acaba de levantar US$ 84 milhões (R$ 450 milhões ao câmbio de hoje) para investir em sua faculdade digital e fazer aquisições de empresas que complementam seu portfólio de produtos. 

A rodada Series E — a maior de uma edtech na América Latina — foi co-liderada pelo Invus Opportunities, um fundo de venture capital americano que já investia na empresa, e pelo Softbank. 

A captação também deu entrada ao Valor Capital; à Península Participações, de Abilio Diniz; a Chan Zuckerberg Initiative (CZI), do fundador do Facebook, em seu primeiro investimento na América Latina; a Amadeus Capital, um fundo britânico; e ao guitarrista do U2 David Howell Evans, mais conhecido como The Edge. 

Em sua rodada anterior, em 2018, a Descomplica havia levantado US$ 20 milhões com a Invus. 

O negócio de reforço escolar e cursos preparatórios chegou no ‘breakeven’ no ano passado, mas a Descomplica ainda queima caixa.

Fundada em 2011 por Marco Fisbhen — um ex-professor de física que mais parece um roqueiro — a Descomplica funciona num modelo freemium, oferecendo alguns conteúdos mais básicos de graça, mas cobrando uma assinatura mensal de pouco mais de R$ 20 pelo acesso a aulas mais completas.

Mais de 5 milhões de estudantes usam o conteúdo da Descomplica a cada mês. 

A startup foi acrescentando diversas outras ofertas (como cursos para concursos públicos) até lançar sua própria faculdade no ano passado: a Faculdade Descomplica, que oferece graduações e pós-graduações num modelo 100% online. 

A faculdade já tem quatro cursos de graduação aprovados pelo MEC (tecnólogo em recursos humanos, administração, contabilidade e pedagogia) e planeja acrescentar outros 18 neste ano. 

A faculdade cobra mensalidades que vão de R$ 150 a R$ 200 na graduação, comparado a uma mensalidade de R$ 600 a R$ 1 mil cobrada por empresas como Yduqs e Cogna em cursos presenciais e R$ 250 cobrado nos cursos de EAD.  

A capitalização vai ser usada para investir na faculdade, lançar novos produtos, investir em tecnologia e fazer M&As. Os alvos potenciais: empresas menores que agreguem novas ofertas ao portfólio. 

A Descomplica é fruto da experiência de Marco nas salas de aula. De uma família pobre, Marco começou a dar aulas com 17 anos para conseguir uma fonte de renda extra. Começou dando aulas em cursinhos, foi para escolas de ensino médio (onde foi professor de física) e chegou a lecionar em MBAs. 

“Na época, comecei a pensar numa maneira de escalar esse negócio.”