Um medicamento ainda em fase experimental da biotech americana Viking Therapeutics demonstrou eficácia elevada na redução da obesidade.

A ação da empresa subiu 121% ontem e abriu em alta de mais 8% hoje.  

Os testes clínicos indicaram que a nova droga pode oferecer resultados superiores aos dos tratamentos feitos hoje com os medicamentos da Novo Nordisk e da Eli Lilly.

Em um estudo de Fase 2 da Food and Drug Administration, a droga apresentou “reduções estatisticamente significativas” de peso, com uma perda média de 13% em relação ao grupo que recebeu o placebo. O teste durou 13 semanas.

Para efeito de comparação, os 13% de redução alcançados pela Viking na Fase 2 ficaram bem acima das perdas entre 7% e 8% obtidas pelo Zepbound, da Eli Lilly, na Fase 3.

A Viking, uma empresa de San Diego, reportou que 88% dos pacientes que receberam o medicamento tiveram uma perda de peso de ao menos 10%, segundo o Financial Times. No grupo de controle, a redução média ficou em 4%.

Foram acompanhados 170 pacientes com sobrepeso. Segundo a empresa, a curva de redução não entrou em um platô nos dias finais do teste, indicando que se a droga continuasse sendo ministrada poderia haver diminuição ainda mais expressiva de peso.

Ainda de acordo com a companhia, os efeitos colaterais foram considerados moderados.

A reação inicial das ações da Nova Nordisk e da Eli Lilly foi de quedas de até 4%, mas a desvalorização perdeu força ao longo do pregão.

As farmacêuticas disputam um mercado potencial de US$ 100 bilhões ao ano no final da década. Hoje as líderes são a Novo Nordisk, com o Ozempic e o Wegovy, e a Eli Lilly, com o Zepbound.

Outros grandes laboratórios e biotechs como a Viking investem para não ficar de fora desse mercado e desafiar o virtual duopólio que vem se formando nessa nova geração de medicamentos de combate à diabetes e à obesidade. 

Com um funcionamento similar ao do Zepbound, o medicamento da Viking – por enquanto chamado de VK2735 – imita a ação dos hormônios gastrointestinais GLP-1 e GIP, que retardam o esvaziamento gástrico e contribuem para a sensação de saciedade por mais tempo. A ação dupla parece oferecer resultados mais expressivos do que a ativação apenas do GLP-1, como faz o Ozempic.

O analista Evan Seigerman, da BMO Capital Markets, disse ao Financial Times que a nova droga da Viking ainda precisará de pelo menos três anos para chegar ao mercado. A FDA exige, no mínimo, dois novos testes clínicos.

O CEO da Viking, Brian Lian, disse que a empresa poderá iniciar uma nova rodada de testes no meio do ano se tiver o aval da FDA.

De maneira similar a outros tratamentos do tipo já disponíveis no mercado, o medicamento da Viking é aplicado por meio de injeções, mas a empresa trabalha em uma versão de administração por via oral.

Com a disparada da sua ação, o market cap da Viking agora já passa de US$ 9 bilhões. Segundo a CNBC, a biotech pode se tornar alvo de ofertas de aquisição por parte de grandes farmacêuticas como a Pfizer, que ainda não entraram nesse mercado.