Com a queda brutal das ações da Lojas Renner e do Assaí nos últimos meses, as duas companhias acabam de ser incluídas na prévia da carteira teórica do índice Small Cap (SMLL) — que reúne as empresas de menor capitalização da Bolsa brasileira. 

A nova composição da carteira entra em vigor em setembro e vale por quatro meses; a próxima atualização é em dezembro. 

A ação da Renner caiu quase 30% nos últimos 12 meses, com a empresa valendo hoje pouco mais de R$ 12 bilhões. Já o Assaí caiu 27% no mesmo período, com a empresa valendo R$ 12,9 bilhões. 

Para fazer parte do índice, a empresa não pode estar entre as companhias que representam 85% do valor de mercado da Bolsa — um critério que as duas companhias atingiram agora — além de cumpris outros requisitos.  

Mas a entrada de duas empresas que já foram consideradas blue chips do mercado no SMLL fez alguns gestores criticarem a metodologia do índice. 

“O índice acaba incluindo sempre as ações que estão indo mal, como é o caso da Renner e do Assaí,” disse um gestor. Ao mesmo tempo, “quem tem o índice não captura nunca a alta das boas e grandes empresas, já que quando a ação rasga ela saí do índice, como foi o caso da Embraer.”

Ele nota ainda que no caso da Renner e Assaí elas já entraram no índice com um peso de mais de 4% cada, um dos maiores do SMLL. 

“E são empresas que estão caindo há algum tempo. Então, o índice inclui empresas com pesos altos num momento em que a faca está meio caindo. E tira empresas com peso alto no momento em que elas estão passando por grandes porradas, outperformando o resto da carteira.”

Outro analista de buyside discorda dessa visão. 

“Se uma empresa se valorizou e a capitalização de mercado dela subiu, ela vai se graduar para um índice maior. Mas isso não quer dizer que as empresas de baixa capitalização são necessariamente as ruins,” disse esse analista.

Ele lembra que no mundo todo os índices de small caps tendem a ter uma performance melhor que a dos índices de empresas de maior capitalização — pelo risco maior embutido nessas companhias.

No Brasil, isso não é verdade: o SMLL tem uma performance histórica pior que o Ibovespa.

“Mas isso acontece não por um problema da metodologia do índice, e sim porque temos uma economia muito concentrada, oligopolizada e com juros historicamente muito altos. As empresas menores em geral têm uma alavancagem maior, então elas sofrem mais com os juros,” disse o analista.

Em períodos de juros baixos e economia forte, o SMLL performa melhor que o Ibovespa.